Não poucos trabalhadores latinos estavam relutantes em se submeter a testes para o coronavírus SARS-CoV-2 e receber tratamento para a doença acima mencionada por medo de perder seus meios de subsistência.
Para alguns observadores, isso expôs lacunas críticas na capacidade do sistema de saúde do país de cuidar dos menos favorecidos e fornecer serviços de saúde igualmente a todas as pessoas em risco.
O privilégio social, ou a falta dele, prejudicou a capacidade de muitos latinos de se proteger da transmissão do COVID-19 e apoiar financeiramente suas famílias, observaram.
Os níveis de fragilidade dentro dessa comunidade são evidentes em empregos de baixos salários, diferenças educacionais e barreiras linguísticas, restrições financeiras, fatores sociais e condições de vida.
Somam-se ao exposto as condições médicas concomitantes que neste momento de pandemia geraram maior taxa de morbidade e mortalidade.
A emergência sanitária, sem dúvida, revelou uma realidade que as estatísticas confirmam.
Em 2019, 18,7% da população hispânica não tinha cobertura de seguro de saúde, em comparação com 6,3% dos brancos não hispânicos, segundo dados divulgados pelo Escritório de Saúde das Minorias.
A pandemia aprofundou as disparidades para a comunidade latina no acesso aos cuidados de saúde e as disparidades nas taxas de doenças, exposição, testes e prevenção.
O presidente dos EUA, Joe Biden, admitiu logo após assumir o cargo no ano passado que “a paz de espírito que vem de uma cobertura de saúde acessível e de qualidade deve ser um direito, não um privilégio, para todos os estadunidenses”.
Mas, infelizmente, a generalidade não tem essa possibilidade. Por exemplo, em novembro de 2021, as taxas de mortalidade, hospitalização e infecção de latinos foram 2,1, 2,5 e 1,6 vezes maiores, respectivamente, do que os brancos não latinos. E esses números, na opinião de especialistas, podem ser evitados.
Alguns críticos alertam que o Covid-19 não discrimina, mas sim o sistema político, econômico e social em que está inserido.
Antes da pandemia, os Estados Unidos vinham se recuperando há uma década após a Grande Recessão, que começou em dezembro de 2007, mas o resgate não foi o mesmo para todos. O 1% mais rico permaneceu mais forte do que nunca em termos de riqueza, enquanto o outro lado foi difícil de decolar.
(Retirado de Orbe)
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