Em diálogo com a Prensa Latina e quando questionado se é possível uma relação construtiva entre os dois países, o estudioso da disputa Washington-Havana especificou que são os Estados Unidos que se recusam a aceitar laços entre iguais com a ilha.
Cuba sempre expressou sua vontade de construir relações civilizadas e pacíficas, baseadas na igualdade soberana, reciprocidade e não ingerência nos assuntos internos, lembrou.
Ambas as nações iniciaram o caminho da reaproximação em dezembro de 2014 com os então presidentes Barack Obama e Raúl Castro, processo que levou à retomada das relações diplomáticas, à assinatura de vinte acordos mutuamente benéficos e à troca de critérios ao mais alto nível, mas Donald Trump (2017-2021) interrompeu o chamado “degelo” em 2017.
Com Trump fora da Casa Branca, a chegada de Joseph Biden ao Salão Oval, o vice-presidente dos EUA durante o governo Obama, representou a esperança de um retorno à reaproximação, respaldado por suas promessas de campanha.
Para Lamrani, a política do presidente Biden em relação à nação caribenha é, na melhor das hipóteses, decepcionante.
Durante sua campanha eleitoral, ele prometeu suspender as sanções draconianas impostas por Trump – nada menos que 240 – e não cumpriu sua palavra, disse o acadêmico francês, que considerou positivos os recentes anúncios de Washington para aliviar as restrições, embora tenha esclarecido que o bloqueio aplicado contra Cuba ainda está intacto.
“A espinha dorsal das sanções econômicas permanece intacta e constitui o principal obstáculo ao desenvolvimento da ilha. Dificulta a vida de todos os cubanos e inflige sofrimentos arbitrários”, lamentou o professor universitário em suas declarações à Prensa Latina.
Segundo Lamrani, há um conflito assimétrico entre os Estados Unidos e Cuba, em que o primeiro é o agressor e o segundo a vítima.
“São os Estados Unidos que impõem sanções econômicas unilaterais a Cuba. São os Estados Unidos que ocupam à força uma parte do território soberano de Cuba. São os Estados Unidos que promovem publicamente a mudança de regime na ilha, violando as regras mais elementares de Direito Internacional Público”, sublinhou.
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