Na província central de Coclé, com a Igreja Católica como facilitadora, participam das conversações autoridades executivas de alto escalão, cuja ligação com o chefe de Estado é o vice-presidente do país, José Gabriel Carrizo.
As partes concordaram em oito questões prioritárias para esses debates, entre elas os altos preços da cesta básica familiar e combustível, remédios e energia elétrica.
Também avaliarão medidas para enfrentar a crise no Fundo de Previdência Social, sem privatizar; destinar 6,0% do Produto Interno Bruto ao sistema educacional e às medidas anticorrupção; Também estabelecerão uma mesa intersetorial para acompanhamento de cada tema.
As conversas ocorreram em meio a fechamentos de estradas e ações repressivas da Polícia Nacional contra manifestantes nas províncias de Veraguas e Panamá Leste, que colocaram em risco a continuidade das negociações.
Da mesma forma, dois indivíduos ligados a partidos políticos e alheios à luta popular nas ruas impediram violentamente a passagem de uma caravana de alimentos de Chiriquí para a capital do país, mas após pressão popular se entregaram às autoridades e serão processados por danos pessoais, apologia do crime, extorsão e ataque às liberdades individuais.
As primeiras sessões da mesa não tiveram grandes avanços após as entidades exigirem a redução do custo atual da cesta básica em 30%, mas o executivo estima que apenas 15% será possível, ao mesmo tempo em que apresenta cerca de 35 produtos para esse pedido, mas negou a criação de um escritório de regulação de preços, outra das iniciativas dos movimentos populares.
A mesa única no Coclé é a primeira tentativa bem-sucedida de diálogo entre as partes, após abordagens anteriores promovidas pelo governo fracassarem por não incluir todos os setores nas manifestações.
Nos últimos sete dias, também foi adiada a audiência do maior caso de corrupção da história do país por lavagem de dinheiro e propina de funcionários públicos, incluindo dois ex-presidentes e vários ministros, associados à construtora brasileira Odebrecht, investigação que data a partir de 2017.
A juíza Baloisa Marquínez, responsável pelo processo, adiou a audiência para o próximo dia 12 de setembro e até o dia 30 daquele mês devido à ausência de advogados de defesa, alguns injustificadamente.
Segundo analistas, a Odebrecht esteve envolvida no maior escândalo de corrupção do continente e admitiu às autoridades dos Estados Unidos ter pago milhões em propinas em uma dezena de países, quase todos na África e na América Latina, pelo que foi multada em dois 1,6 bilhão de dólares.
No Panamá, a empresa e o Ministério Público acordaram em 2017 que a empresa pagaria ao Estado cerca de 220 milhões de dólares ao longo de 12 anos.
jha/ga/ml