No comunicado do grupo, um dos protagonistas dos bloqueios de estradas e da greve geral de julho passado contra o alto custo de vida, destaca-se que após 40 dias de conversas na província central de Coclé, o Executivo encerrou o intercâmbio e opta por travar a mesa levando o diálogo a um ponto crítico.
Nesse sentido, o coletivo alertou que a atual tranquilidade gerada pelo movimento popular desde o final de julho está longe de ser um sinal de desmobilização.
O conflito latente pode se tornar mais agudo, na medida em que a mesa de diálogo for bloqueada, as ruas também serão bloqueadas, para abrir novos cenários de luta, indica o texto.
A declaração também aponta que o principal responsável pelos problemas que afligem os panamenhos é o modelo econômico neoliberal, sustentado por distorções de mercado, monopólios e oligopólios, além da evasão fiscal que gera margens de lucro exorbitantes para os empresários.
Nesse sentido, a aliança convocou a união de forças para defender o que foi alcançado e criar as condições de organização, união, força, conscientização e luta para convocar uma Constituinte Original que transforme o país e ponha fim à injustiça social, aos negócios ganância e podridão das instituições.
Após 40 dias de conversas, especifica o texto, as partes chegaram a acordos que buscam dar alívio à grave situação, para depois enfrentar em um cenário mais amplo que são os problemas estruturais, verdadeiras causas da pobreza, da desigualdade e da exclusão social.
Os vários grupos que compõem a aliança afirmaram que têm feito todo o possível para resgatar as negociações e assim gerar um clima favorável para um diálogo que permita a resolução imediata de necessidades urgentes e que enfrentam em uma segunda etapa.
Na véspera, um dos porta-vozes dessa aliança, Saúl Méndez, condenou a teimosia do Executivo em aceitar o debate sobre o ponto oito, o mais importante da agenda sobre os problemas estruturais da pobreza e da desigualdade.
Méndez especificou que o que foi demonstrado nessas conversas é a falta de vontade do governo de atacar os interesses dos gamonales, cerca de 115 milionários que dominam o país.
Ele lembrou também que ninguém deve duvidar que os sindicatos, como o sindicato dos construtores, que ele preside, voltarão a usar medidas de pressão, incluindo fechamento de ruas e bloqueios para reivindicar seus direitos mais legítimos.
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