Ao ser questionado sobre o conteúdo de sua intervenção no organismo internacional, em entrevista ao SBT, o presidente de extrema-direita enfatizou, no último domingo, questões ambientais.

“Hoje o Brasil é referência para o mundo na questão ambiental. Ninguém tem legislação como a nossa, ninguém preservou dois terços do seu território, (o nosso território) é da mesma forma que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil em 1500”, respondeu o ex-militar.

Isolado internacionalmente, o presidente interrompeu sua campanha para a reeleição em 2 de outubro para tentar obter algum ganho eletivo do camarote da ONU, alertam comentaristas políticos.

Uma nota da chancelaria indica que, além de fazer o discurso de abertura, Bolsonaro terá reuniões com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e outros chefes de Estado.

A comunicação oficial especifica que o tema principal da sessão da assembleia será “Um momento decisivo: soluções transformadoras para desafios interligados”.

Da mesma forma, a delegação brasileira também participará de reuniões de alto nível sobre temas como desenvolvimento sustentável, educação, minorias étnicas, eliminação de armas nucleares, operações de paz, reforma do Conselho de Segurança, conflito na Ucrânia e mediação.

A mídia jornalística também prevê que, por conta de uma estratégia eleitoral, é esperada uma declaração de Bolsonaro voltada para o público interno na forma de uma “responsabilização” perante a comunidade internacional.

Da mesma forma, seu discurso se concentrará em exaltar o legado do governo e deve contemplar diferentes pontos, como recuperação econômica e de investimentos; esforços para combater a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia.

Apesar dessa possível agenda, Bolsonaro “deixa claro que não sabe a diferença entre compromissos do Estado e eventos de campanha”, diz o renomado analista Cesar Calejon. Ele alerta que o ex-para-quedista usará esse cenário para “fazer uma campanha política às custas da imagem do Brasil junto com o concerto das nações e dos principais líderes mundiais”.

Pateticamente, Bolsonaro tentará fazer mais um evento de campanha na ONU, enfatizando os números que a recuperação econômica nacional supostamente representaria.

No entanto, alerta Calejon, “avaliados com frieza, esses números são pequenos e refletem que o Brasil acaba de sair do fundo do poço em que foi colocado devido à tempestade perfeita provocada pelo cruzamento entre bolsonarismo e Covid-19”.

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