Madri, 21 set (Prensa Latina) Do Presidente do Governo ao Congresso, houve condenações ao racismo no futebol na Espanha, mas hoje alguns meios de comunicação se escondem atrás de tecnicismos para confundir o assunto.
Embora o repúdio ao que aconteceu na semana anterior e em particular no domingo, contra o jogador de futebol brasileiro Vinicius Junior, do Real Madrid, tenha sido esmagador, alguns jornalistas tentam desviar a atenção do suposto papel de “provocador” do jogador.
Em especial, o espaço Chiringuito de Jugones, dirigido por Josep Pedredol, e Golazo de Gol, da Movistar, dedicou tempo à abordagem que Vinicius, com seus dribles e comemorações de seus gols com danças, acaba causando incômodo aos torcedores do time adversário.
Pedro Bravo, presidente da Associação Espanhola de Agentes de Futebol, afirmou no Chiringuito sobre a forma de comemorar os gols de Vinicius que “é preciso respeitar os colegas e parar de brincar de macaco”.
A expressão foi interpretada como mensagem racista e provocou a revolta do próprio jogador e o apoio unânime da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de seus compatriotas Neymar e Raphinha, e até do espanhol Andrés Iniesta, entre outros.
Foi o próprio time, o clube Atlético de Madrid, que reagiu ontem, um pouco tarde, mas verticalmente, aos cânticos racistas e outras ofensas contra Vinicius.
Em um duro comunicado à imprensa, o grupo expressou sua retumbante condenação aos gritos “inadmissíveis” que uma minoria de torcedores fez fora do estádio antes do clássico (entre Real Madrid e Atletico no último domingo).
Nesse sentido, declarou “tolerância zero com o racismo” e anunciou que entrou em contato com as autoridades para se colocar à disposição e identificar os autores da gritaria fora do estádio.
A questão gravitou antes do clássico na capital durante a semana anterior. Começou focado nas danças de Vinicius quando faz gols e subiu de tom. “O racismo é um dos maiores flagelos da nossa sociedade e, infelizmente, o mundo do futebol e os clubes não estão isentos de sua presença”, observou o Atlético em sua nota.
“Nosso clube sempre se caracterizou por ser um espaço aberto e inclusivo para torcedores de diferentes nacionalidades, culturas, raças e classes sociais e poucos não conseguem manchar a imagem de milhares e milhares de atletas que apoiam seu time com paixão e respeito ao rival”, especificou o clube vermelho e branco.
Em outra parte do texto, ele determinou que esses cânticos “nos provocam enorme rejeição e indignação e não vamos permitir que nenhum indivíduo se esconda atrás de nossas cores para proferir insultos racistas ou xenófobos”.
O assunto, que escalou mais do que o esperado, também motivou o clube do colchão a convidar profissionais que cobrem futebol para “fazer uma reflexão profunda”.
“Deixando claro mais uma vez nossa forte condenação a esses eventos, que não têm a menor justificativa, acreditamos que o que aconteceu nos dias que antecederam ao clássico é inadmissível”, continuou o comunicado.
“Pede-se aos torcedores sanidade e racionalidade e, no entanto, profissionais de diversas áreas geraram uma campanha artificial durante a semana, acendendo o estopim da polêmica sem medir o impacto de suas ações e manifestações”, explica o comunicado. oda/ft/cm