Um segredo aberto e uma falsa tensão, é assim que a imprensa e os especialistas definem o fato de que mais uma vez em solo gaulês é usada a polêmica seção da Carta Magna de 1958, que já foi usada quase 100 vezes antes, considerando que o partido no poder em junho, perdeu a maioria absoluta na Câmara e, aliás, a capacidade de legislar sem maiores entraves.
Segundo a rede Franceinfo, o 49.3 será acionado no final da tarde ou no início da noite, devido à impossibilidade de um acordo sobre o projeto de lei apresentado pelo executivo, ao qual a oposição promoveu cerca de 3.400 emendas.
Várias fontes concordam que o governo poderia acrescentar entre 80 e 100 das propostas ao seu orçamento, sem acalmar a rejeição do uso do artigo que permite pular a votação parlamentar, tachado de antidemocrático pelos deputados da oposição.
O porta-voz do governo, Olivier Véran, havia antecipado que a jornada de trabalho de discursão do artigo 49,3 seria esta quarta-feira, autorizada há quase uma semana pelo Conselho de Ministros.
Era apenas uma questão de tempo, embora o ministro da Economia e Finanças, Bruno Le Maire, tenha tentado acalmar um pouco na semana passada alegando o interesse do partido no poder no debate na Assembleia, onde era sempre uma quimera pensar que o retrocesso nos legislativos não teria um custo político para o presidente Emmanuel Macron.
Se houvesse a mínima possibilidade de não ter de recorrer a 49,3, aproveitaríamos, porque o orçamento é um ato fundamental para a vida da nação, e no final teremos de o garantir aos nossos compatriotas e o país, alertou a manchete na época.
Está em cima da mesa a reação da oposição, o impulso para uma ou mais moções de censura ao Governo, iniciativa a que atribuem poucas possibilidades de sucesso, porque forças tão diversas como a esquerda, a extrema direita e os conservadores teriam de chegar um consenso.
Já a líder da extrema direita Marine Le Pen descartou apoiar a moção do bloco de esquerda Nova União Ecológica e Social Popular (Nupes), provavelmente a primeira a ser lançada, sob o argumento de posições conflitantes.
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