Sabdiel Batista, professor do Instituto Internacional de Jornalismo José Martí, falou exclusivamente à Prensa Latina sobre o assunto, depois que a rede social suspendeu perfis associados a veículos de mídia e rotulou outros como afiliados ao governo cubano.

As etiquetas nas contas supostamente ligadas ao Estado fornecem, de acordo com a rede de microblogging, mais contexto sobre o que eles consideram ser controlado por certos representantes do governo, entidades de mídia associadas ao Estado e pessoas relacionadas a eles, explicou Batista.

De acordo com a plataforma, a tag aparece na página relevante do Twitter e em tweets enviados e compartilhados a partir dessas contas, algo que começou a fazer por volta de 2020, acrescentou ele.

As consequências desta abordagem são, em primeiro lugar, que a plataforma não promoverá mais estes perfis através de seus sistemas de recomendação, o que limita seu alcance, disse o especialista.

Nem recomendará ou ampliará entre os usuários os tweets que levam estas etiquetas, ou seja, nada que estas contas compartilhem será recomendado a outros como sugestões, o que limitará muito seu alcance”, acrescentou ele.

Batista comentou que o recente caso de marcação de perfis de mídia na ilha “coincidentemente” corresponde a alguns daqueles com o maior número de seguidores em Cuba, como Cubadebate, Granma e Radio Rebelde.

Entretanto, o Twitter não age da mesma forma com outras contas pertencentes à mídia afiliada a diferentes governos, tais como as agências Notimex, EFE, Telam, RTVE e BBC, que são subsidiadas por fundos públicos de seus respectivos governos.

Ironicamente, a BBC no Reino Unido ou a NPR nos EUA não se enquadram na categoria de mídia estatal para os fins desta política”, observou ele.

Ele garantiu que a rede social tem um tratamento “especial” para os cubanos, e isso é algo evidente não apenas nestas circunstâncias, mas também no fato de que é extremamente difícil verificar uma conta de usuário.

Aqueles da nação caribenha enfrentam o mesmo destino quando tentam promover o conteúdo lá com suas ferramentas, e a plataforma os limita muito, mesmo no simples ato de criar ou recuperar um perfil.

Embora o Twitter seja uma plataforma global, ele está registrado nos Estados Unidos (São Francisco) e tem que cumprir com suas leis, disse Batista.

No dia anterior, o Twitter suspendeu as contas dos programas de televisão Con Filo, Cuadrando la Caja e o projeto Cuba Joven, apenas dois dias depois de ter rotulado Cubadebate, a mídia à qual estes programas estão associados, como “afiliada ao governo cubano”.

Esta semana a rede social também impôs este selo aos jornais Juventud Rebelde, Granma e Trabajadores, às estações de rádio Radio Habana Cuba e Radio Rebelde, e ao canal de televisão Canal Caribe.

Esta não é a primeira vez que a plataforma opera desta forma.

Em 8 de janeiro de 2013, suspendeu indefinidamente mais de 900 contas pertencentes ao Joven Club de Computación y Electrónica, e em 18 de maio de 2018, durante a cobertura do acidente aéreo em Havana, bloqueou a conta do site Cubadebate, por suposta “atividade incomum”.

Da mesma forma, em 11 de setembro de 2019, Cuba sofreu um apagão noticioso nessa rede, quando uma parte significativa dos principais veículos de comunicação do país, dezenas de jornalistas e personalidades tiveram suas contas suspensas pouco antes de uma aparição na televisão do presidente cubano Miguel Díaz-Canel.

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