Nesse dia, um pelotão do batalhão Atlacatl, treinado por oficiais estadunidenses e sob o comando do coronel Guillermo Alfredo Benavides, na administração do presidente Alfredo Cristiani, assassinou seis padres da ordem jesuíta e duas mulheres que o auxiliavam.
O aniversário do acontecido coincide com a libertação nesta semana de Benavides, condenado a 30 anos de prisão em 1992 por ser o autor material do massacre.
Segundo as autoridades, a soltura do ex-soldado ocorreu porque ele cumpria os requisitos de ser maior de 60 anos e cumprir um terço da pena, ou seja, 10 anos dos 30 da pena total.
O aniversário do massacre ocorre em meio a crescentes demandas de organizações de defesa dos direitos humanos, familiares das vítimas e outros setores da sociedade que não param de afirmar que nenhum governo fez justiça às vítimas da guerra civil salvadorenha. Nesta segunda-feira, durante o fórum “Impunidade zero: a demanda das vítimas em El Salvador”, vários palestrantes reiteraram a mensagem de que os atingidos pela guerra esperam justiça, algo que lhes foi negado nos últimos anos.
Apesar de todos os dados fornecidos no relatório da Comissão da Verdade, que investigou os crimes cometidos durante o conflito armado, a justiça sempre foi bloqueada pelos governantes de plantão, indicaram.
No fórum sobre a falta de ação das autoridades, os participantes repetiram que a impunidade de ontem é a impunidade de agora, enquanto o país continua sem lei para favorecer as vítimas do conflito armado, algo que foi destacado por membros da Mesa Redonda Contra a impunidade em El Salvador.
A esse respeito, Eduardo García, da Pro-Búsqueda, participante do fórum, considerou lamentável que as vítimas continuem exigindo justiça e o que recebem são rejeições e obstruções.
Neste aniversário do massacre da UCA, o sentimento é crescente e, segundo as reivindicações, a reconciliação da sociedade deve ser baseada na verdade e na justiça para as vítimas do conflito passado.
Oscar Pérez, membro da Mesa contra a Impunidade em El Salvador, enfatizou que somente se as vítimas forem o centro do processo de justiça de transição a reconciliação será alcançada no país.
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