Santiago do Chile, 23 nov (Prensa Latina) A presidente da Associação de Familiares de Executados Politicamente (Afep), Alicia Lira, qualificou hoje como um fato grave e um retrocesso para a democracia chilena, a eliminação de fundos para organizações de defesa dos direitos humanos.
No debate sobre o projeto orçamentário para o próximo ano, a Câmara dos Deputados decidiu deixar o Instituto Nacional de Direitos Humanos sem recursos e também afetou as dotações para o Museu da Memória, a Fundação Salvador Allende, o centro Londres 38 e o Estádio Nacional, entre outras instituições.
Esta decisão viola os tratados internacionais sobre a obrigação do Estado de reparar as vítimas das violações cometidas durante a ditadura civil-militar de Augusto Pinochet, disse Lira à Prensa Latina.
Segundo o presidente da Afep, infelizmente existe uma direita reacionária, que tem poder político e econômico, e quer desmentir os crimes contra a humanidade ocorridos no Chile entre 1973 e 1990.
Durante a discussão na Câmara, a coalizão de oposição Chile Vamos, com o apoio dos democratas-cristãos e outros partidos, rejeitou o financiamento para esses grupos.
Isso ocorre no momento em que o Executivo anunciou a decisão de comemorar os 50 anos do golpe e todas as organizações preparam atos para reivindicar o governo de Unidade Popular do presidente Salvador Allende, lembrou Lira.
Grupos humanitários se reuniram com o presidente do Senado, Álvaro Elizalde, e com o senador Daniel Núñez para exigir a revisão do acordo na Câmara dos Deputados para deixar sem orçamento a manutenção de sítios históricos.
Para nós, o encontro com os senadores foi muito importante para que eles sentissem o peso moral dessas pessoas e grupos que lutam pela verdade e pela justiça e para que os acontecimentos do passado não se repitam, disse.
Segundo relatório da Comissão Valech, publicado em 2011, durante a ditadura de Pinochet, foram registrados no país mais de 40.000 casos de violação de direitos humanos, incluindo 3.200 assassinatos e desaparecimentos.
jha/car/cm