O galerista e promotor cultural italiano, Eriberto Bettini, idealizador desta iniciativa, salientou que esta homenagem ao importante artista plástico das antilhas, cuja obra se inspira na cultura Yoruba-Lucumí de raízes africanas, num ambiente profundamente católico como como a Sala Vasari do palácio, “gera uma sensação muito especial”.
“A promessa que fiz ao maestro, que conheci em Cuba e a quem estou unido por uma bela amizade, de trazer sua obra a Roma, e apresentá-la nesta sala do Palazzo de la Cancellería, está cumprida. É uma união realmente muito forte. A harmonia de dois mundos”, afirmou Bettini
O evento foi presidido pelo chefe da missão diplomática cubana junto à Santa Sé, René Mujica, que destacou a relevância desta iniciativa de Bettini, e agradeceu a presença dos embaixadores latino-americanos junto ao Vaticano e outros responsáveis dessas representações, entre os participantes .
Mujica reconheceu o patrocínio do Departamento de Cultura e Educação da Santa Sé, que permitiu mostrar a obra de Mendive, que classificou como um dos mais genuínos representantes da cultura cubana, a nona vez que estas salas foram abertas para expor obras de importantes artistas de seu país.
Bettini, com o apoio dessa instituição da Santa Sé e da embaixada de Cuba antes dela, apresentou amostras dos artistas cubanos Alexis Leiva Machado (Kcho), Alfredo Sosa Bravo, Karlos Pérez, Roberto Fabelo, Carlos Quintana, Wilfredo Lam e Victor Manuel.
Esta possibilidade está inegavelmente relacionada com o que o Papa Francisco expressou em janeiro de 2021, no sentido de que “as religiões, sobretudo, não podem renunciar à tarefa urgente de construir pontes entre os povos e as culturas”.
Ao inaugurar a exposição “A vida é bela” na noite do último sábado, o crítico de arte Luciano Caprile avaliou a alta significação da obra de Mendive, nascido em 1944, pintor e escultor inserido no movimento do Realismo Mágico, numa forma emocional e envolvente, com uma atmosfera única.
Em seu discurso, o historiador cubano Eduardo Torres Cuevas referiu-se ao fato de que “Mendive faz parte de uma geração que começou nos anos sessenta, quando uma verdadeira revolução social e cultural começou em Cuba, que levou o povo a entender a cultura de outra forma”.
Com o seu trabalho, este artista conseguiu transmitir essa interioridade profunda que tem o que chamamos de cubanidade e cubanía”, disse Torres Cuevas.
Mendive recebeu em 2009 a Medalha dos Cinco Continentes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e anteriormente, em 2001, o Prêmio Nacional de Artes Plásticas concedido por Cuba, entre outros reconhecimentos.
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