San Salvador, 11 dez (Prensa Latina) Familiares de vítimas do massacre de El Mozote, sobreviventes e organizações de direitos humanos participaram de uma missa nesta cidade para pedir o fim da impunidade e justiça para os mortos.
Neste sábado, o massacre mais sangrento ocorrido na história moderna da América Latina foi lembrado em El Mozote, onde integrantes do batalhão Atlacatl banharam de sangue o campo salvadorenho.
As provas estão aí mas segundo testemunhas o silêncio torna-se cúmplice da impunidade. “Os que estavam lá não tinham armas. Eram só mulheres, crianças e idosos!”, disse uma testemunha de um batalhão em 2019. “Eu não denunciei isso antes porque, se o fizesse, eles me matariam”, disse outro.
Em um acontecimento inédito, dois ex-soldados do Batalhão Atlacatl admitiram, 38 anos depois, terem participado de uma operação de extermínio da população civil. Os dois ex-soldados compareceram ao julgamento da chacina, para colaborar com o Ministério Público contra os militares acusados de planejar e dirigir a operação.
As provas estão aí. Enquanto são mais os que pedem à juíza que conduz o processo, Mirtala Portillo, e ao procurador-geral Rodolgo Delgado, que avancem e abram caminho à justiça.
O tempo não apagará os vestígios deixados pela operação militar que em dezembro de 1981 vitimou 989 pessoas, incluindo mais de 500 crianças.
Justiça e não impunidade são palavras ouvidas no Tribunal de Instrução de San Francisco Gotera.
Os culpados também estão em outro país porque os militares estadunidenses aconselharam o Batalhão Atlacatl e o uso de fuzis M 16, conforme descrito pelas pesquisas balísticas realizadas em El Mozote, mostram a cumplicidade dos Estados Unidos, hoje autonomeado juiz de direitos humanos no mundo.
Eram apenas mulheres, crianças e idosos!, será uma frase que se ouvirá nas missas, atos de memória tanto em El Mozote quanto na próxima segunda-feira na comunidade de La Joya, onde haverá uma missa e um passeio do monumento em homenagem às vítimas.
A memória de tanta tragédia contempla também a entrega, no dia 13 de dezembro, pelo Instituto de Medicina Legal (IML) de 11 ossos a familiares das vítimas do massacre, que serão sepultados no dia 14 de dezembro.
Agora, no 41º aniversário do massacre em El Mozote e lugares próximos, os familiares das vítimas, sobreviventes e organizações de direitos humanos ainda esperam por justiça do Estado e o fim da impunidade dos crimes de guerra.
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