Castillo leu uma breve mensagem política ao final de uma audiência virtual do Corte Suprema de Justiça (CSJ), na qual a defesa e a Procuradoria apresentaram seus argumentos, sobre o recurso contra a prisão preventiva de 18 meses contra o ex-presidente.
“Nunca cometi o crime de rebelião, não me levantei em armas”, disse, aludindo a declarações de juristas que invocam o fato de este crime implicar a revolta coletiva em armas.
“Também não chamei ninguém para pegar em armas, mas devo dizer que quem pegou em armas para acabar com a vida de mais de 30 peruanos é o atual governo”, acrescentou sobre o balanço dos protestos contra sua deposição e afirmou que há mais de 20 desaparecidos e mais de 200 feridos.
Também negou a acusação alternativa de conspiração e a atribuiu ao Congresso da República, que exerceu contra ele uma oposição irredutível e desde o início levantou o objetivo de acabar com seu Executivo.
“Quem conspirou é o Congresso… e outras instituições para preparar um plano para a queda do meu governo, por meio de sucessivos pedidos de vacância (destituição) e outras artimanhas”, argumentou o ex-presidente, demitido e preso em 7 de dezembro por tentar a dissolução do impopular Parlamento unicameral. Apelou aos juízes para que reflitam e vejam “como esta injusta prisão preventiva que me foi imposta só serviu para polarizar o nosso país”, disse, acrescentando que tudo o que se faz contra ele não passa de “vingança política”.
Ele também pediu que o ódio cesse, exigiu sua liberdade, afirmou que está incomunicável na prisão para altos funcionários que o abriga e exigiu acesso telefônico para se comunicar com sua esposa e filhos, requerentes de asilo no México; e com seus pais, que moram na província andina de Chota, no norte.
Na audiência, o tribunal ouviu as posições das partes sobre o recurso da defesa de Castillo, que está levantando a soltura da prisão para enfrentar as investigações a que está sujeito em liberdade condicional.
A Corte Suprema de Justiça apreciou ainda o recurso do Ministério Público contra a liberdade condicional por 18 meses, concedida ao co-arguido ex-Primeiro-Ministro Aníbal Torres, em consideração da sua idade (78 anos) e dos seus problemas de saúde.
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