No entanto, no dia anterior, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que esta ordem permanece em vigor por enquanto, enquanto a solução dos recursos legais pendentes avança.
Herdados da presidência de Donald Trump (2017-2021), desde março de 2020 os regulamentos permitiam aos agentes de fronteira rejeitar de imediato os imigrantes indocumentados que cruzassem a fronteira sul, sob a alegação de prevenirem a pandemia de Covid-19.
Defensores dos direitos dos imigrantes e especialistas em saúde pública denunciaram o uso dessa autoridade, argumentando que representa um pretexto inadequado para barrar a entrada de estrangeiros.
Do outro lado da fronteira, pessoas de diferentes países esperam há meses que o Título 42 seja eliminado para poderem pedir asilo.
Aproximadamente 22.000 migrantes, incluindo mulheres e crianças, permanecem hoje em abrigos, nas ruas e em acampamentos em três cidades do norte do México: cerca de 9.000 em Tijuana, 8.000 em Reynosa e 5.000 em Matamoros.
A cidade norte-americana de El Paso, no Texas, continua no centro da crise, enquanto milhares de pessoas atravessam a região da fronteira.
Por um lado, o governador daquele estado, Greg Abbott, ordenou a colocação de mais contêineres como uma parede improvisada e arame farpado para impedir o acesso; por outro, El Paso abriu abrigos administrados pelo governo para atender os que chegavam.
Porém, há quem seja obrigado a pernoitar nas ruas, em meio às baixas temperaturas.
Um dos que conseguiram entrar neste país disse à imprensa: “Deixaram-nos aqui como se não fôssemos seres humanos. A noite era forte, não encontrei nada com que me cobrir (…); se eu ficar mesmo assim, o frio eu não vou aguentar.”
O título 42 expiraria no dia 21 deste mês, depois que o juiz Emmet Sullivan assim o ordenou em novembro, considerando-o “arbitrário e caprichoso”.
A ordem se envolveu em disputas judiciais, várias delas promovidas por estados liderados por republicanos que pediam sua manutenção para controle de fronteiras, mesmo quando, ao menos teoricamente, seu uso era para fins “sanitários”.
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