Por Joel Michel Varona*
É notória a ampla transformação deste setor em 2022, e sua expressão mais concreta é o sistema de gestão governamental baseado na ciência e na inovação, linha de trabalho que seguirá seu rumo neste ano.
Recentemente, a Ministra de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Citma), Elba Rosa Pérez, referiu-se à necessidade do uso consciente da ciência para solucionar os problemas do país.
Na sua opinião, ainda há muito trabalho a ser feito em várias direções, por exemplo, para que o país avance, a aceleração do programa de transformação de 24 por cento da matriz energética nacional deve ser assumida como um compromisso.
Assim como um maior uso da ciência em questões relacionadas à indústria e à dinâmica demográfica, a partir do processo de envelhecimento e das estratégias para enfrentá-lo.
Ao mesmo tempo, destacou a atenção que deve ser dada tanto à questão da ruralidade, com propostas ao governo para sua reavaliação e atenção, quanto à estratégia cubana de economia circular.
Sobre a segunda etapa da Tarefa Vida, Plano do Estado para enfrentar a mudança climática, Pérez lembrou que a primeira fase foi concluída em 2022, e agora está sendo realizada a segunda, que deve terminar em 2030, enquanto a terceira se estenderá até 2050, e no seguinte a quarta.
“Todos os anos atualizamos as pesquisas relacionadas a este Plano, pois os efeitos das mudanças climáticas estão cada dia mais perceptíveis e o nosso é um pequeno Estado insular, que também sofre os impactos dessa realidade e exige o desenvolvimento de ações de adaptação em todas as esferas de desenvolvimento”, comentou o ministro.
As ações da Tarefa Vida devem estar relacionadas às três crises ambientais globais que hoje existem no país: mudanças climáticas, poluição e biodiversidade, pois exigem um aprofundamento de como devem continuar sendo tratadas com base no Plano de Estado as questões relacionadas com seus efeitos e a redução de seus impactos.
Neste esforço, que pressupõe o desenvolvimento de mais ciência, o Citma vai reforçar o apoio às políticas públicas e à tomada de decisão, a atenção aos recursos humanos dedicados à atividade de pesquisa, e o reforço das estruturas dinâmicas das entidades de ciência, tecnologia e inovação, que incluem parques tecnológicos.
Com isso, não se trata de crescer no número de estruturas dinâmicas, mas de sua adequação para aperfeiçoar o trabalho da ciência, que consegue fechar ciclos, é capaz de estabelecer suas patentes e publicar resultados de pesquisas. “Tudo deve ter impacto a nível nacional e internacional”, disse o ministro. Pérez valorizou a participação das ciências sociais e humanas no desenvolvimento da nação, pois todo tema requer uma abordagem social, sempre ajustada às características de cada território. Da mesma forma, atribuiu grande importância aos investimentos direcionados ao fortalecimento dos sistemas de gestão da ciência e inovação com prioridade no setor empresarial.
Para que através de ações financeiras, a empresa estatal socialista cubana avance cada vez mais em sua contribuição à sociedade, e mais concretamente à economia nacional, como resultado do uso efetivo da ciência e da inovação.
As filiais científicas em Cuba
Sobre o tema das filiais científicas em Cuba, o vice-ministro da Citma Armado Rodríguez destacou a importância que têm para resolver os problemas que as províncias apresentam hoje.
“Quando se trata de ciência e inovação, não há província mais importante que outra, e Sancti Spíritus é um exemplo de modelo de desenvolvimento neste campo em Cuba”, destacou Rodríguez.
Sabemos que a maior parte do setor científico está localizado em Havana, e embora esse território não seja o lugar com mais centros de pesquisa, seu governo e a delegação de nosso ministério demonstraram capacidade de trabalhar para encontrar soluções para alguns problemas.
É importante ter uma boa entidade científica, mas também ter uma subsidiária, como esta do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB), que poderá ter impacto no sistema de inovação.
As universidades e outros atores participam nos projectos do CIGB em Sancti Spíritus, mas o mais importante é a sua influência em toda aquela província, algo muito positivo, sublinhou.
Há uma visão clara do quanto a ciência e a inovação podem abranger, fazer e desenvolver, daí o avanço de programas locais, que constituem incentivos para a comunidade, cientistas e estudantes.
Falar de ciência em Cuba não é como se fazia há décadas, quando se referia apenas à academia, agora se inclui a inovação, a transformação social e o sistema de gestão governamental, disse o vice-chefe.
Para aprofundar este ponto, o delegado do Citma na província de Sancti Spíritus, Leonel Díaz, destacou o progresso que a filial do CIGB está exibindo hoje naquele território.
Díaz declarou que foram obtidos 36 novos hibridomas secretores de anticorpos monoclonais contra 12 antígenos diferentes para sua aplicação na pesquisa e desenvolvimento de projetos estratégicos do CIGB e outros grupos da estatal BioCubaFarma.
Também conseguiram uma bateria de anticorpos monoclonais anti-TT-PO e posterior desenvolvimento de um sistema analítico tipo ELISA Sandwish para a quantificação do princípio ativo da vacina contra Piolho do Mar durante o processo de produção da proteína TT-PO-Ls.
Desta forma, acrescentou, pode ser cumprido um dos requisitos da negociação com a empresa francesa VIRBAC.
Outra novidade – destacou Díaz- foi a obtenção de um hibridoma secretor de um anticorpo monoclonal anti-Poli-histidina semelhante aos comercializados pela Sigma, que substituirá a importação deste reagente amplamente utilizado na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.
A instalação do CIGB no território espirituano, localizado a cerca de 355 quilômetros de Havana, destacou-se na entrega das enzimas Taq Pol e RT produzidas nacionalmente, usadas na fabricação de testes de PCR (reação em cadeia da polimerase).
Descreveu como importante o que foi feito em termos de cultivo de arroz e citou como novidade o uso de drones no sul de Jíbaro, no município de La Sierpe, uma tecnologia que permite agilizar processos e reduzir gastos, disse.
Ele também destacou ações para lidar com pragas ou evitar o estresse hídrico nas plantas devido às altas temperaturas e secas prolongadas.
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*O autor é repórter da redação Ciencia e Técnica