23 de December de 2024
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Pede-se o fim da comercialização abusiva de fórmulas infantis

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Pede-se o fim da comercialização abusiva de fórmulas infantis

Genebra, 8 de fev (Prensa Latina) As estratégias publicitárias empregadas pelos fabricantes de fórmulas infantis são abusivas e devem ser tomadas medidas urgentes e drásticas para combater suas interferências políticas e as informações enganosas que divulgam, disse hoje a OMS.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou em seu site uma série de três artigos recentemente publicados pela The Lancet que alegam que essas empresas estão tentando influenciar medidas vitais de apoio à amamentação a não serem implementadas, afetando seriamente a saúde e os direitos de mulheres e crianças.

Segundo Nigel Rollins, cientista da OMS e autor de um artigo, esta nova pesquisa destaca o enorme poder econômico e político das grandes empresas de fórmulas infantis, bem como graves falhas nas políticas públicas que impedem milhões de mulheres de amamentar seus filhos.

É preciso agir em diferentes níveis da sociedade para ajudar as mães a amamentar seus filhos pelo tempo que elas quiserem e para acabar de uma vez por todas com a comercialização abusiva das fórmulas infantis”, disse o médico.

Segundo especialistas, a amamentação proporciona enormes benefícios para bebês e crianças pequenas que não podem ser obtidos de nenhuma outra forma.

O leite materno ajuda as crianças a sobreviver e se desenvolver em seu potencial máximo, fornece nutrientes importantes, reduz o risco de infecção e diminui as taxas de obesidade e doenças crônicas mais tarde na vida.

Entretanto, os dados da OMS mostram que apenas metade dos recém-nascidos começa a amamentar dentro da primeira hora de vida e menos da metade das crianças menores de seis meses são exclusivamente amamentadas.

Os artigos publicados explicam como as empresas utilizam argumentos de marketing enganosos para tirar vantagem direta das preocupações dos pais sobre o comportamento normal dos bebês e sugerem, por exemplo, que os produtos lácteos que vendem reduzem a agitação ou o choro, aliviam as cólicas ou prolongam o sono noturno.

Neste contexto, os autores ressaltam que quando as mães são adequadamente apoiadas, estes problemas parentais podem ser resolvidos com sucesso através do aleitamento materno exclusivo.

De acordo com Linda Richter da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, as empresas que fabricam fórmulas infantis utilizam dados científicos fracos para sugerir, com poucas evidências, que seus produtos resolvem problemas comuns relacionados com a saúde e o desenvolvimento infantil.

Esta técnica de marketing viola claramente o Código de 1981, que afirma que a rotulagem não deve idealizar o uso de fórmulas infantis para vender mais produtos”, disse ela.

Os documentos também chamam a atenção para o poder dessas empresas, sua influência nas decisões políticas dos países e sua capacidade de obstruir os processos regulatórios internacionais.

Em particular, dizem eles, as indústrias de laticínios e de fórmulas infantis criaram uma rede de associações comerciais e grupos de lobby que fazem lobby contra medidas políticas para proteger a amamentação ou controlar a qualidade das fórmulas infantis.

Os autores argumentam que, além de acabar com estratégias de marketing abusivas e interferência corporativa, medidas mais amplas precisam ser implementadas em locais de trabalho, serviços de saúde, governos e comunidades para apoiar as mulheres que querem amamentar na prática, de modo que se torne uma responsabilidade coletiva da sociedade e não apenas das mães.

Eles indicam que a legislação deve proteger urgentemente as mães, por exemplo, fornecendo uma licença maternidade remunerada pelo menos equivalente aos seis meses recomendados pela OMS para a amamentação exclusiva.

Da mesma forma, medidas de proteção à maternidade devem ser oferecidas aos milhões de mulheres que trabalham no setor informal e que atualmente não recebem esses benefícios, recomendam os especialistas.

ro/lpn/glmv

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