O Prêmio Nobel de Literatura morreu em 23 de setembro de 1973, apenas 12 dias após o golpe de Augusto Pinochet contra o governo do presidente Salvador Allende e poucas horas antes de o bardo viajar para o México, onde planejava se exilar.
O relatório forense emitido pelo regime atribuiu sua morte ao câncer de próstata, mas estudos posteriores de especialistas internacionais demonstraram a presença da bactéria altamente letal Clostridium Botulinum em seus restos mortais.
“De fato, a marca foi deixada nas amostras de osso e na polpa de um molar e esta bactéria foi introduzida em seu corpo por algum meio. Não foi sujeita a contaminação externa”, disse à Prensa Latina a advogada da família e denunciante Elizabeth Flores.
Ele explicou que tiveram acesso à entrega do relatório dos especialistas da Dinamarca e do Canadá, que foi feito em inglês, e aguardam o documento em espanhol na segunda-feira para dar mais detalhes.
O jurista lembrou que em 2017 um painel descobriu a presença de Clostridium Botulinum nos restos mortais de Neruda e solicitou uma perícia complementar para dar certeza ao tribunal de que ele foi inoculado, o que demonstraria uma ação de terceiros com intenção homicida.
Questionado sobre os motivos da ditadura para assassiná-lo, Flores lembrou que o escritor também teve ampla atuação política, foi senador e candidato à presidência, indicação que acabou declinando para apoiar a do amigo Salvador Allende.
“Também temos informações de arquivos confidenciais desclassificados de que Neruda era um alvo importante para a CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos)”, disse Flores.
Manuel Araya, assistente pessoal e motorista do poeta, garantiu à Prensa Latina que seu assassinato foi cometido por ordem de Pinochet.
“Suas intenções eram viajar para o México e de lá pedir ajuda a governos, intelectuais, escritores e todos os amigos para derrotar a ditadura”, disse.
Para Rodolfo Reyes, advogado e sobrinho do poeta, Neruda foi morto com uma arma biológica.
A bactéria, que já atende pelo nome de Alaska E43 e é tóxica, foi injetada em seu corpo e causou sua morte, disse Reyes.
“A causa está à vista. Após a morte de Allende e Víctor Jara, o outro ícone nacional que ficou vivo foi Pablo Neruda”, declarou Reyes.
O presidente Luis Echeverría ofereceu ao premiado escritor um avião para ir ao México, mas não era do interesse da ditadura que ele saísse vivo do Chile porque teria unificado muita gente contra Augusto Pinochet, garantiu.
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