23 de November de 2024
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Cuba: Centenário do Protesto dos Treze

Cuba: Centenário do Protesto dos Treze

Havana (Prensa Latina) A ação pública de um grupo de jovens (O Protesto dos Treze) liderado por Rubén Martínez Villena, em 18 de março de 1923, deu início a um momento histórico em Cuba chamado de "despertar da consciência nacional".

Por Marta Denis Valle* See More Colaborador da Latin Press

A gestão do presidente Alfredo Zayas -que governou de 1921 a 1925- provocou repúdio por se caracterizar pelo acentuado aumento da influência estadunidense e aumento da corrupção. O fato mais escandaloso foi a compra do Convento de Santa Clara, um antigo casarão adquirido pelo Estado por um preço de 2,3 milhões de pesos, considerado exagerado porque há muito tempo, durante o boom econômico, os proprietários o venderam a uma empresa por menos de um milhão

O presidente Zayas aprovou o decreto junto com o secretário de Justiça, pois uma lei nesse sentido não foi votada nem teve a aceitação do secretário da Fazenda. Tampouco obteria aprovação do Congresso até 12 de junho de 1924.

Isso deu origem, em 18 de março de 1923, ao protesto público de Rubén Martínez Villena e seus companheiros, que em 19 de março publicaram no jornal Heraldo de Cuba o manifesto denominado O Protesto dos Treze.

PROTESTO

Durante um ato de homenagem à escritora uruguaia Paulina Luisi, na Academia de Ciências Médicas, Físicas e Naturais de Havana, Martínez Villena interrompeu o secretário de Justiça, Erasmo Regüeiferos, quando este estava prestes a fazer um discurso.

Negou-lhe autoridade moral para falar e saiu da sala com seus companheiros.

As jovens intelectuais que assinaram o protesto pediram desculpas aos organizadores do Clube Feminino, bem como à homenageada, e esclareceram que se tratou de um ato cívico de repúdio ao governante em sua primeira aparição após “ter endossado o imoral decreto e desajeitado relativamente à aquisição do Convento de Santa Clara”.

O documento foi assinado por Rubén Martínez Villena, José Antonio Fernández de Castro, Calixto Masó, Félix Lizaso, Alberto Lamar Schweyer, Francisco Ichaso, Luis Gómez Wangüemert, Juan Marinello, José Z. Tallet, José Manuel Acosta, Primitivo Cordero Leyva, Jorge Mañach e José Ramón García Pedrosa.

Não assinaram Ángel Lázaro, que temia ser deportado por ser cidadão espanhol, e Emilio Teuma, que argumentou que por pertencer a uma Loja Maçônica e ser Grão-Mestre Regüeiferos daquela associação, não poderia, com sua assinatura, violar um dos princípios da referida instituição fraterna.

DECLARAÇÃO PUBLICADA

Diante do ocorrido ontem na Academia de Ciências, declaramos:

Primeiro: Que por este meio voltamos a pedir desculpas ao Clube Feminino, reiterando que não foi nossa intenção de forma alguma atrapalhar suas funções, muito menos a homenagem prestada a Paulina Luisi. Em espírito estamos com mulheres dignas e lamentamos que a medida por nós tomada, produto de civilidade e reflexão, tenha surtido efeito em ato organizado por elas.

Segundo: Que é apenas nosso propósito manifestar a discordância da juventude, que representamos, com os procedimentos utilizados por certos homens públicos.

Terceiro: Que sendo o ato de homenagem a Paulina Luisi o primeiro ato público do qual participou o Sr. Erasmo Regüeiferos, personalidade tachada pela opinião pública por ter endossado o imoral e desajeitado decreto sobre a aquisição do convento de Santa Clara, somente contra ele ou contra suas ações, nossa atitude deve ser compreendida quando saímos da sala.

Quarto: Que a juventude consciente, sem espírito perturbador ou outro programa que não seja o que considera como cumprimento de um dever, está doravante disposta a adotar a mesma atitude de protesto em qualquer ato em que uma pessoa culpada participe direta ou indiretamente patriotismo ou decoro cívico.

Quinto: Que vimos por meio desta solicitar o apoio e adesão de todos que, indignados contra os que maltratam a República, pensam conosco e acreditam que é chegado o momento de reagir vigorosamente e punir de alguma forma os governantes delinquentes.

Os protestantes declararam que se sentiam honrados em iniciar um movimento contra os governantes calculistas, saqueadores e imorais, que tendem com suas ações a degradar a Pátria. Rubén Martínez Villena (1899-1934) é considerado o poeta mais genial e original de sua geração, o segundo da República, que apesar de sua curta vida, como fez José Martí, renunciou a toda fama literária para abraçar a causa do país e morrer prematuramente, no seu caso devido a uma doença pulmonar mal tratada.

Emilio Roig de Leuchsenring (1889-1964) apoiou publicamente o Protesto dos Treze, manifestação mais contundente da nova geração da juventude cubana, e pertenceu à Falange de Acción Cubana e ao Grupo Minorista, juntamente com figuras que marcam Nas primeiras décadas da neocolônia, ocorreu o chamado “despertar da consciência nacional”.

NOS DIAS SEGUINTES

Em 21 de março de 1923, Regüeiferos apresentou uma acusação formal contra Rubén Martínez Villena e os outros jovens participantes, e um dia depois o juiz Antonio García Sola abriu o processo judicial 330 contra os treze pelo crime de insulto ao Secretário de Justiça.

A pena pedida para cada um deles foi de 180 dias de prisão, pena máxima para este tipo de crime. Inicialmente Fernando Ortiz assumiu a defesa dos réus, no Juizado de Instrução da Primeira Seção do Tribunal de Havana.

Numerosos intelectuais enviaram mensagens ao Heraldo de Cuba oferecendo seu apoio aos réus.

Nos últimos dias de março, Regüeiferos renunciou ao cargo, enquanto os jovens apreendidos tiveram que comparecer todas as segundas-feiras, até meados de 1924, no tribunal onde o processo foi movido contra eles, momento em que foi arquivado. arb/mdv/ml

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