O presidente foi questionado ontem em breve entrevista coletiva sobre versões insistentes de mudanças iminentes do Primeiro-Ministro, Alberto Otárola, e outros títulos que foram duramente criticados e responderam que não o considerava adequado.
Ele argumentou que os ministros não podem ser trocados a cada três ou quatro meses, embora por várias razões tenha substituído vários desde o início de seu governo em dezembro passado, como sucessor do presidente deposto Pedro Castillo.
Disse ainda que um novo ministro muda sempre para os quadros superiores da respetiva pasta e o novo elenco demora meses a terminar a adaptação, o que afeta a gestão da entidade.
Quase ao mesmo tempo, o Parlamento aprovou por ampla maioria três moções, que podem culminar em censura ou rejeição, de origem e conteúdo diversos, questionando o ministro da Defesa, Jorge Chávez, integrante do núcleo mais próximo do presidente.
As moções coincidem em abordar nos questionários a que Chávez terá de responder em data a definir, a morte de seis soldados afogados na travessia de um rio em que saltaram juntamente com uma tropa que regressava à sua base no sul região andina de Puno, cujas circunstâncias são motivo de controvérsia.
As moções foram apresentadas pelos grupos de extrema direita Fuerza Popular e Renovación Popular, que exigem maior rigor na repressão aos protestos antigovernamentais e proteção aos militares e policiais acusados de violações de direitos humanos.
Também pelos legisladores Peru Libre, que questionam o que consideram excessos repressivos contra os protestos que exigem a renúncia de Boluarte e acumulam saldo de 67 mortes.
Também foram apresentadas moções para questionar o ministro do Interior, Vicente Romero, pelo ataque à Universidade Mayor de San Marcos e pela detenção em massa e injustificada de estudantes e manifestantes que vieram do interior para protestar contra o Governo, no final de Janeiro passado.
Romero é criticado por se recusar a assumir a responsabilidade pelo incidente e alegar que o descobriu pela televisão e a Polícia agiu de ofício no atual estado de emergência.
Outro pedido de interpelação é dirigido contra o chefe da Educação, Ôscar Becerra, por uma declaração questionável contra os manifestantes indígenas de Puno que chegaram a Lima e contra os quais a Polícia disparou gás lacrimogêneo apesar de terem seus filhos pequenos amarrados suas costas, como é tradicional.
Becerra sustentou que até os animais protegem seus filhos e acusou as mulheres andinas de expor seus filhos ao perigo, posição apoiada pelo Governo e legisladores de direita. Os casos referidos têm como denominador comum sua relação com a repressão aos protestos iniciados após a posse de Boluarte, que acelerou o desgaste do gabinete ministerial e elevou a aprovação popular do presidente para mais de 70%.
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