5 de November de 2024
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Eleições no Paraguai: a mudança “gatopardiana” de Washington.

Eleições no Paraguai: a mudança “gatopardiana” de Washington.

Caracas (Prensa Latina) A ingerência dos Estados Unidos nos assuntos internos do Paraguai faz parte do cotidiano deles, sendo até vista como algo normal.

Sergio Rodríguez Gelfenstein*, colaborador de Prensa Latina

Na atual conjuntura, quando entrou a fase final da corrida eleitoral, os dois candidatos com opção de vencer as eleições, Santiago Peña da Associação Nacional Republicana (Partido Colorado) e Efraín Alegre do Autêntico Partido Radical Liberal (PLRA), reuniu-se separadamente com o embaixador dos Estados Unidos Marc Ostfield e publicou ostensivamente as fotos da reunião. Ambos são candidatos do sistema e fortes aliados dos Estados Unidos, de forma que essa ação não é entendida como ingerência.

Embora apenas algumas semanas atrás, tudo indicava que o candidato colorado Peña seria o vencedor nas eleições, a menos que algum evento imprevisível e surpreendente ocorresse. Tal fato ocorreu em 26 de janeiro, quando os Estados Unidos impuseram sanções econômicas ao vice-presidente paraguaio Hugo Velázquez e ao ex-presidente Horacio Cartes por “corrupção”, depois de terem proibido sua entrada no país meses atrás.

Como aconteceu em Honduras com o ex-presidente Juan Orlando Hernández, Washington apoiou suas candidaturas, apoiou-as, ignorando as acusações de organizações internacionais independentes e de uma parte importante da opinião pública em seus próprios países, para depois agir contra eles quando já não os serviam bem seu ataque conservador e contrário aos interesses dos povos.

Vale dizer que existindo condições objetivas e subjetivas para produzir uma mudança semelhante ao que vem ocorrendo em boa parte da América Latina, a divisão da esquerda não permite que ela seja um importante ator eleitoral.

Em meio à dinâmica eleitoral, o candidato do PLRA tem feito algumas concessões para atrair um setor da esquerda que faz parte da Frente Guasú. Entre as declarações eleitorais de Alegre, destaca-se o anúncio de que, caso vença as eleições, estabeleceria relações com a China, o que nada mais é do que uma manobra eleitoral segundo a opinião da maioria dos analistas paraguaios.

Nesse quadro, a decisão dos Estados Unidos de colocar Cartes na lista de políticos corruptos do Departamento de Estado não passa de uma nova manobra de intromissão. Por isso, qualquer empresa ou cidadão que fizer negócios com o ex-presidente estará sujeito a sanções de Washington. Numa manobra desesperada, Cartes cedeu aos filhos as ações de suas empresas para fugir das sanções, buscando sobreviver como empresário, já que sua carreira política parece ter chegado ao fim.

Com esta disposição, os Estados Unidos manifestam uma intrusão aberta e descarada no processo eleitoral que foi encoberto pela mídia paraguaia. Esta ação gerou um problema real para a candidatura de Santiago Peña, que cresceu politicamente de mãos dadas com o ex-presidente e é conhecido como seu pupilo mais próximo.

Quando a decisão dos Estados Unidos não pôde mais ser ocultada e a mídia – como que movida por uma varinha mágica – iniciou um ataque frontal e homogêneo contra Peña, ele se reuniu com o embaixador dos Estados Unidos, após o que fez uma declaração à imprensa na qual destacou que, caso vença as eleições, a prioridade de sua política externa será o fortalecimento das relações do Paraguai com os Estados Unidos, Israel e Taiwan. Dessa forma, ele estava enviando um recado direto ao empresariado, principalmente se considerarmos que alguns setores dele, especialmente os ligados à produção de carne e soja – priorizando seus grandes interesses empresariais – de forma cada vez mais aberta, pensam favoravelmente sobre a necessidade de estabelecer relações com a China.

A declaração da Embaixada dos EUA em 26 de janeiro foi particularmente dura, afirmando que “antes, durante e depois de seu mandato presidencial”, Cartes se envolveu em um “padrão coordenado de corrupção” que inclui suborno de funcionários e legisladores. O próprio embaixador dos Estados Unidos, Marc Ostfield, assegurou que, por mais de uma década, Cartes aproveitou sua riqueza adquirida ilegitimamente e sua influência “para expandir seu poder político e econômico nas instituições paraguaias”.

Por esta razão, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos Estados Unidos (OFAC) decidiu sancioná-lo por seu “envolvimento em corrupção sistemática que tem prejudicado as instituições democráticas no Paraguai”. Da mesma forma, a OFAC congelou todos os ativos financeiros que pudesse ter nos Estados Unidos, além do que foram impostas sanções específicas contra quatro empresas controladas por ele e sua família. Com essa ação, os Estados Unidos enfraqueceram o partido colorado que agora busca se distanciar do ex-presidente.

Neste quadro, Peña, ela procurou sub-repticiamente distanciar-se dessa relação privilegiada. Caso Peña ganhe as eleições, para se sustentar, fará tudo o que estiver ao seu alcance para favorecer as instruções da Embaixada dos Estados Unidos porque essa parece ser a sua melhor cartada de vitória. Isso, claro, inclui seu distanciamento de Cartes, do qual não pode se livrar agora porque precisa disso para poder vencer as eleições dada a grande influência que o ex-presidente mantém em setores importantes do Partido Colorado. No entanto, seguindo instruções da missão diplomática dos Estados Unidos, Peña tem tido o cuidado de não criticar publicamente seu tutor.

Essa situação parece contraditória, pois a decisão de Washington de envolver Cartes em corrupção poderia ter sido interpretada como favorável ao PLRA. Na verdade, como disse um analista paraguaio, o que a Embaixada dos Estados Unidos fez foi um “reset” interno para colocar sob seu controle tanto os liberais quanto os colorados, de modo que não haja saída para nenhum desses dois jogos, sabendo que quem vitórias estarão em total harmonia com a Casa Branca.

Segundo o site do partido Frente Ampla do Paraguai, propenso à candidatura de Alegre, a oposição começou a insistir na necessidade de um “voto útil” a seu favor, para derrotar Peña. Afirmam que todas as sondagens apontam para um confronto entre estes dois pretendentes, para o que apelam à criação de uma frente única em que “os outros candidatos da oposição ponham a possibilidade de alternância antes de optarem pelos mais bem posicionados”.

Por outro lado, com base em seu tradicional oportunismo extremo, o PLRA aponta que, no cenário atual, deve haver uma alternância que obrigue a designação de um único candidato da oposição, como opção que ofereceria grandes possibilidades de derrotar o Festa Colorado. . Não se deve esquecer que o PLRA fez parte da coalizão governamental que levou Fernando Lugo ao poder, para depois formar uma aliança com os colorados que lideraram o golpe de 2012 para tomar o poder. Portanto, essa traição é uma parte natural de seu trabalho político. A Embaixada dos Estados Unidos sabe disso. E é a partir disso que está construindo sua mudança “gatopardiana” no país Guarani.

rmh/srg/ml

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