A presidente do sindicato, Luz Herrera, sustentou que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não pode ser juiz e parte nesta investigação, e considerou que se fossem verificadas alterações nos dados de mortalidade neonatal na maternidade San Lorenzo de Los Mina, deveria haver consequências para quem pratica esta prática.
Depois de considerar “grave” e “preocupante” a denúncia sobre esse fato ocorrido em fevereiro passado, Herrera afirmou que a Sociedade Pediátrica está em condições de se envolver nas investigações, juntamente com a comissão escolhida pela Ordem dos Médicos e outros organismos da sistema.
Segundo as autoridades de saúde, os 34 recém-nascidos que morreram em fevereiro são 56% superiores à média de todos os recém-nascidos que morreram naquele hospital no ano passado.
Os dados publicados no Repositório de Informação e Estatística do Serviço Nacional de Saúde indicam que, em 2022, ali morreram 231 bebés até aos 27 dias de vida, numa média de cerca de 19 em cada mês.
As principais causas de morte naquele ano foram condições originadas no período perinatal (da 28ª semana de gestação ao sétimo dia de vida), principalmente síndrome do desconforto respiratório, asfixia ao nascer e sepse bacteriana não especificada.
Depois de o responsável pela Direção da Maternidade, Criança e Adolescentes do SNS ter comunicado a morte das 34 crianças devido a uma infeção com origem num “bebê contaminado”, o órgão esclareceu que cinco foram por choque séptico.
O relatório desse órgão especificava que seis das mortes foram por hemorragia pulmonar, sete por cardiopatia congênita complexa, quatro por asfixia perinatal e uma por síndrome de aspiração de mecônio.
Da mesma forma, outras duas mortes ocorreram por sepse, uma por queimadura de segundo grau, quatro por coagulação intravascular disseminada e o mesmo número por desconforto respiratório.
O Listin Diario publicou esta terça-feira que face às recentes denúncias de alegada manipulação de dados, foi decidido criar um endereço colegial na área de Perinatologia daquele hospital para auditar os registos de nascimentos e mortalidade registados pelo centro.
A direção será composta por um representante da Faculdade de Medicina, da direção do hospital e do SNS.
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