Madri, 19 abr (Prensa Latina) Ela faria 100 anos em 28 de abril e no lapso de sua ausência parece que nunca se foi: Fina García Marruz, uma discreta cubana homenageada na Espanha.
Deixou este mundo há quase 10 meses, mas em sua despedida deixou um legado infinito de poesia e prosa, com luzes tão atuais que fascinam hoje com a nova edição de seu livro Pequenas cenas.
Uma homenagem na Casa da América de Madrid, não isenta de emoções, na presença de um dos filhos da escritora, o notável músico José María Vitier, com um fio de recordações que exaltam o perfil da autora de (El huésped) O Hóspede; Los extraños retratos (Os estranhos retratos); Uno vuelve a subir las escaleras (Um volta a subir as escadas) ou De qué silencio eres tú silencio (De que silêncio é teu silêncio).
A noite, com o equilíbrio da moderação e ao mesmo tempo o brilhantismo de seu trabalho, em sintonia com sua própria personalidade.
Algumas notas musicais de Vitier e as histórias anedóticas de sua mãe, determinada a escrever cartas que nunca enviaria ou páginas fantasmas por falta de tinta em sua máquina de escrever.
Assim, sem alarde, a escritora espanhola Marifé Santiago recontou o significado de Pequeñas escenas (Pequenas cenas), na redescoberta da prosa de García Marruz, também exaltada pela editora de Huso (Fuso), Mayda Bustamante.
Bustamante, honrada, segundo suas próprias palavras, por poder publicar mais uma vez uma das penas mais sublimes da literatura latino-americana, Prêmio Pablo Neruda de Poesia Ibero-Americana em 2007 e Reina Sofía de Poesia Ibero-Americana em 2011.
As inevitáveis lembranças também para o grupo Orígenes (Origens) criado por José Lezama Lima, que incluía García Marruz junto com seu marido Cintio Vitier; outro proeminente poeta cubano, Eliseo Diego, que se casou com sua irmã Bella Esther e, claro, com suas referências Federico García Lorca, Gastón Baquero, María Zambrano e até Marcel Proust.
Ao ler Pequenas cenas, Fina García Marruz se despede do mundo de ontem, aquele que nunca mais voltará e o faz para deixar a marca da memória de sua juventude, quando tinha 32 anos; e parece um pouco com Proust para nos dar aquele fragmento de vida para sua família, seus filhos e os que virão, refletiu Marifé Santiago.
A arte da palavra de uma pessoa capaz de cantar e cantar bem; da exigência e da necessidade de escrever de certo modo introspectivo; e transcender sem querer dentro daquela personalidade distraída que a caracterizava, segundo José María Vitier.
Na cumplicidade de olhar em todas as facetas possíveis para Fina García Marruz, também a pintora e ilustradora Silvia R. Rivero, num lotado Salão dos Embaixadores da Casa da América em Madri.
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