Embora reconhecendo a dificuldade de fornecer dados precisos, Bonzi explicou que no ano passado os bancos de alimentos serviram 2,4 milhões de pessoas, enquanto em 2011 o número de beneficiários foi de 820.000.
Ele acrescentou a importância das cozinhas de sopa, sem as quais “haveria muita violência, tensões, talvez motins de fome”, e lembrou que a maioria das pessoas abaixo da linha de pobreza “não as utilizam (bancos de alimentos e cozinhas de sopa) e não pedem nada”.
O pesquisador, membro do Laboratório de Antropologia de Instituições e Organizações Sociais, denunciou a existência na França de “um mercado da fome que reforça o sistema agroindustrial”, baseado na superprodução agrícola que se beneficia de isenções fiscais para as pessoas que não podem se alimentar.
Segundo a legislação atual “todo um mercado se desenvolveu para fornecer produtos muito baratos de qualidade insuficiente” ou “itens invendáveis”, cujos beneficiários são grandes empresas alimentícias que, “num contexto de concorrência internacional, favorece a produção a custos mais baixos”, colocam seus “excedentes de produção e obtêm deduções fiscais”, explicou ele. Bonzi considerou “que a ajuda alimentar é incapaz de satisfazer o direito à alimentação”, um direito “que é absolutamente garantido na França”, e que gera um clima de violência estrutural no sistema alimentar e que é sentido em todas as etapas da ajuda.
Portanto, exigiu uma transformação de todo o sistema alimentar, incluindo o processo de produção agrícola, o que significa “tirar os alimentos do mercado e transformá-los em democracia, socializar os alimentos e proteger as pessoas dos excessos do sistema agroindustrial”, disse ele.
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