Em diálogo com a Prensa Latina, ele considerou gravíssimas as ameaças e crimes que afetam os profissionais do setor, fenômeno que nas últimas décadas teve um impacto notável nas plataformas digitais.
Temos o problema da violência física e dos assassinatos, das formas mais grosseiras de censura, mas também de prisões arbitrárias, sequestros e intimidações e, mais recentemente, a questão dos crimes online, alertou o especialista em direitos humanos.
Dados da Unesco mostram que somente no ano passado 86 jornalistas e trabalhadores da mídia foram mortos no mundo, um a cada quatro dias, em uma recuperação nos números, depois que uma média de 58 profissionais perderam a vida por ano entre 2019 e 2021.
Segundo Canela, a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, especificamente no objetivo 16 “Promover sociedades justas, pacíficas e inclusivas”, reflete o desafio de garantir o acesso público à informação e proteger as liberdades fundamentais.
Sobre a Unesco como componente do sistema das Nações Unidas, ele destacou a ativação, há uma década, do Plano de Ação para a Segurança dos Jornalistas e a Questão da Impunidade.
É um esforço em conjunto com muitos atores, desde os Estados-Membros à sociedade civil, sob uma visão a que chamamos “dos três Ps”: proteção, prevenção e procuração de justiça, disse.
Canela lamentou o nível de impunidade e a importância da preparação para lidar com este cenário por parte de procuradores e juízes, com a necessária adaptação do seu trabalho para investigar e processar o contexto dos crimes online.
Na opinião do especialista, o combate ao fenômeno da violência para silenciar os repórteres depende de vários fatores, entre eles a vontade política dos Estados e o apoio da sociedade, por exemplo, de empresas que operam na Internet, chamadas a desempenhar um papel fundamental contra assédio e agressão na rede das redes.
A chefe da seção da Unesco encarregada da Liberdade de Expressão e Segurança dos Jornalistas disse à Prensa Latina que as mulheres representam um alvo particular dos ataques online.
Como parte de nossas atividades, realizamos uma consulta na qual 73% dos jornalistas entrevistados denunciaram que sofreram ameaças e assédios em plataformas digitais, e 20% deles afirmaram que essa violência se materializou fora do espaço virtual, exposto .
Embora ainda haja muito a ser feito, a entidade multilateral reitera seu compromisso com a prevenção e o enfrentamento do problema.
Nesse sentido, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, instou no início do ano, após a publicação de dados sobre violência contra jornalistas, as autoridades a redobrar esforços para acabar com esses crimes e garantir que seus autores sejam punidos.
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