Na ocasião, o jornal Cape Times publicou um artigo de opinião do embaixador de Havana em Pretória, Enrique Orta, que lembrou que os laços bilaterais oficiais foram estabelecidos durante a visita de Fidel Castro à África do Sul para assistir à posse do líder antiapartheid e do Congresso Nacional Africano (CNA), Nelson Mandela.
Cuba foi, lembra o diplomata na carta, o primeiro país a receber o reconhecimento diplomático do governo do CNA chefiado por Mandela.
No entanto, continua o texto, “nossos laços remontam aos anos 1960, quando os primeiros combatentes contra o apartheid foram a Cuba para estudar, receber atendimento médico e treinamento militar”.
Os laços foram fortalecidos ainda mais durante as lutas contra o regime do apartheid, quando os dois países compartilharam sangue e suor nos campos de batalha, lutando juntos pela igualdade racial, liberdade e justiça, acrescenta.
O estabelecimento formal de relações entre as duas nações irmãs, acrescenta Orta, deu um novo impulso à colaboração bilateral.
Durante esses anos, detalha, cooperamos nas áreas de habitação, ciência e tecnologia, agricultura, desenvolvimento de infraestrutura, assentamentos humanos, tecnologias de informação e comunicação e cultura.
Nesta altura, cita o diplomata cubano, “nos orgulhamos de continuar a cooperar (…) na educação, água e saneamento, obras públicas e saúde.
Em particular, exemplificou, ao longo destes 29 anos, mais de 600 médicos cubanos trataram milhões de sul-africanos, sobretudo nas zonas rurais do país.
Cuba também formou mais de 2.500 estudantes sul-africanos, que se formaram em diferentes especialidades, a maioria por meio do programa de bolsas Nelson Mandela-Fidel Castro, especializado em Medicina.
No plano internacional, destaca Orta, sempre apreciaremos “a firme posição de solidariedade” que o povo e o governo da África do Sul têm mantido em rejeição ao bloqueio econômico, comercial e financeiro que o governo dos Estados Unidos impôs a Cuba por mais de 60 anos.
Seguindo as palavras de Nelson Mandela, citou, “as sanções que punem os cubanos por terem optado pela autodeterminação são contrárias à ordem mundial que queremos estabelecer”.
O povo cubano, disse Mandela na época, “tem um lugar especial no coração dos povos da África”.
Ao comemorar o 29º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e a África do Sul, escreveu Orta, não podemos esquecer o Dia da África, próximo dia 25 de maio, porque “a África faz parte da própria essência de nossa nação, e nós, cubanos, nos sentimos extremamente orgulhosos de nossas raízes africanas”.
Cuba e África do Sul, concluiu, são dois países separados geograficamente, mas unidos pela história, pela luta comum, pela fraternidade, pela solidariedade e pela vontade de continuar a ser o pesadelo de quem tenta roubar-nos os sonhos.
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