O chefe do Parlamento, Virgílio Saquicela, convocou oficialmente os membros da assembleia para nesta terça-feira para iniciar o procedimento às 10h, horário local.
Para nesse dia está marcada a presença do governante, que terá o direito de se defender por três horas, devendo o Ministério Público apresentar provas do crime pelo qual pretende destituir o chefe do Executivo.
Serão os deputados Viviana Veloz, da bancada da União pela Esperança (UNES), e Esteban Torres, do Partido Social Cristão (PSC) que apresentarão os argumentos do julgamento político. Após a intervenção dos interpelantes e do próprio Lasso- cuja presença foi confirmada pelo Ministro do Governo, Henry Cucalón-, iniciar-se-á o debate entre os legisladores, para que se espera vários dias porque cada um dos 137 membros da Assembleia tem direito a falar durante 10 minutos.
De acordo com o cronograma estabelecido, ao final dos discursos a sessão será suspensa e cinco dias depois terão que decidir se aprovam ou não o afastamento do presidente.
Segundo a oposição, Lasso incorrido em suposto peculato ao saber de supostas irregularidades em contrato entre a estatal Flota Petrolera Ecuatoriana (Flopec) e a empresa Amazonas Tanker e não ter agido para evitar maiores danos O estado.
Na última terça-feira, 88 legisladores votaram pela realização do julgamento político, faltando apenas quatro votos para os 92 necessários para retirar do poder o chefe do Executivo, equivalente a dois terços da Assembleia.
No caso de atingir uma quantidade suficiente para censurar o presidente, o vice-presidente, Alfredo Borrero, deve assumir o cargo pelo tempo restante do atual mandato, ou seja, até 2025.
Em junho de 2022 Lasso conseguiu se salvar de situação semelhante em meio à greve histórica liderada pelo movimento indígena, mas naquela época a oposição obteve 80 votos e não conseguiu destituí-lo do cargo pela chamada morte de cruz.
No contexto atual, é o próprio presidente quem tem manifestado a possibilidade de recorrer àquele recurso constitucional que permite ao chefe do Executivo dissolver a Assembleia, convocar eleições gerais em seis meses e governar esse tempo por decreto.
Embora a bancada da UNES, que reúne integrantes do movimento Revolución Ciudadana de Correista, tenha se declarado favorável à cruz da morte como saída democrática para a crise do país, o reeleito presidente da Assembleia, Saquicela, reiterou que há sem motivos para invocar essa ferramenta do Executivo.
O facto de a oposição ter demonstrado o seu peso este domingo na votação das sete autoridades parlamentares, onde o partido no poder ficou completamente de fora, mostrou que pode haver mais do que os votos necessários para antecipar o fim do mandato de Lasso.
Suas horas no Palácio Carondelet estarão contadas? Teremos que esperar até o momento final, porque as negociações continuarão até o último minuto.
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