Por Jorge Petinaud

La Paz, 20 Mai (Prensa Latina) Dezenas de mulheres com cartazes e fotos de seus filhos permanecem hoje perante a Arquidiocese da Igreja Católica desta cidade em repúdio aos crimes de pedofilia cometidos por padres na Bolívia.

“Igreja, Estado, assuntos separados”; “Com batina ou sem batina, vão para a cadeia” e “Encobrimento da Igreja, o mesmo estuprador”, são alguns dos slogans que Prensa Latina ouviu no local dos fatos ao entrevistar a indígena identificada pelo nome de Juana Machaca.

“Estamos aqui protestando contra esses padres estupradores, que cometeram esse crime no passado e não tenho dúvidas de que o fazem hoje”, disse Machaca a esta agência de notícias enquanto segurava um pôster e uma foto de seu pequeno descendente.

O manifestante acrescentou que dezenas de mães decidiram espontaneamente se reunir em frente ao Arcebispado em apoio às vítimas que tiveram a coragem de prestar suas declarações e denunciar os estupradores mascarados por trás de hábitos religiosos.

“Como mães, protestamos em frente a este lugar e assim é agora nos nove departamentos da Bolívia”, concluiu Machaca, depois de recordar que em 2019 a hierarquia eclesiástica apoiou o golpe contra o Estado Plurinacional.

Referindo-se ao assunto, o porta-voz presidencial, Jorge Richter, disse que abusos sexuais ilegais contra menores têm ocorrido ao longo dos anos na Bolívia, não apenas com o caso do padre Alfonso Pedrajas (vulgo Pica), revelado em 30 de abril pelo jornal espanhol El País.

Ele também lembrou do jesuíta espanhol Luis To, enviado pela Companhia de Jesus da Espanha para a Bolívia, para a cidade de El Alto, depois de ter estuprado uma menina de 8 anos no país europeu.

“A Conferência Episcopal não sabia disso? A Conferência Episcopal decidiu não colaborar com a justiça neste momento, com essas informações, com esses arquivos, com esse histórico que existe no país? Tomaram a decisão de colaborar ou não colaborar com a justiça?”, insistiu o porta-voz.

O porta-voz insistiu que além de manifestar indignação, o Governo vai tomar medidas preventivas e pedir que os padres que trabalham com menores deem a conhecer os seus antecedentes.

Após a divulgação da investigação do jornal El País sobre o caso de pedofilia envolvendo Pica Pedrajas, que abusou de pelo menos 85 crianças e adolescentes, vieram à tona outros autores de crimes hoje investigados pela Justiça.

Entre eles está Alejandro Mestre, falecido em La Paz em 1988, sexto na ordem da Espanha, que durante seis anos foi o grande colaborador do cardeal José Clemente Maurer, segundo o Anuário Pontifício de 1987.

A promotoria também está investigando os crimes de Pica Pedrajas, Luis María Roma, Antonio Gausset e Alejandro Mestre.

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