Quito, 20 Mai (Prensa Latina) A declaração de morte cruzada do presidente Guillermo Lasso causou polêmica no Equador na semana que termina hoje.
Na quarta-feira passada, os equatorianos acordaram com o anúncio do presidente sobre a ativação desse mecanismo previsto na Constituição que lhe permitiu dissolver a Assembleia Nacional e antecipar as eleições presidenciais e legislativas.
Por meio do decreto 741, Lasso cedeu à medida um dia após o início no Parlamento unicameral do processo de impeachment contra ele pelo crime de peculato.
Após a disposição, vários ex-deputados, movimentos sociais e sindicais apresentaram perante o Tribunal Constitucional (CC) mais de cinco recursos de impugnação da decisão, classificada de inconstitucional por não cumprir os requisitos que justificam a sua aplicação.
No entanto, um dia após o anúncio da morte da cruz, o tribunal decidiu, por unanimidade, rejeitar os pedidos de revogação da decisão do Chefe do Executivo.
Horas depois, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da nação sul-americana anunciou o início do processo preliminar para as eleições legislativas e presidenciais antecipadas, que têm data prevista para ir às urnas no primeiro turno, em 20 de agosto, enquanto 15 de outubro seria um eventual segundo turno.
A propósito, Lasso confirmou ao The Washington Post que não planeja se candidatar ao processo eleitoral antecipado aberto nesta sexta-feira no Equador. Para Lasso, a cruz da morte deve ser vista como uma saída para a crise política e a descreve como um “ato de generosidade para com o país”.
Apesar de o mecanismo ter sido classificado como recurso fraudulento no contexto em que foi aplicado, muitos analistas consideram animador o fato de o atual momento político ser resolvido por via eleitoral.
Nesse sentido, o sociólogo Agustín Burbano esclareceu à Prensa Latina que um amplo setor da sociedade equatoriana se distancia da situação, mesmo quando é vítima de cortes e medidas neoliberais, porque acredita que o sistema político está preso em problemas gerados por ele mesmo
Outro grupo altamente politizado, com opiniões a favor ou contra o governo, explicou, não sai às ruas porque encontra na morte de cruz uma solução parcial, capaz de garantir uma nova Assembleia em 90 dias e a saída definitiva de Lasso do poder.
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