Madrid, 23 mai (Prensa Latina) Anos de manifestações xenófobas e racistas exacerbadas na LaLiga de Futebol da Espanha parecem finalmente ter superado a copa e hoje o país ibérico reage com energia.
Pelo menos formalmente e no campo dos protocolos legais, as repercussões sugerem que passará das palavras aos atos. Curiosamente, quatro são detidos nesta terça-feira por colocarem um boneco enforcado em uma ponte com a camisa do Real Madrid de Vinicius Junior.
O evento ocorreu em janeiro passado antes do clássico dos merengues contra o Atlético de Madrid. Também antes desse jogo, nas imediações do estádio Metropolitano, torcedores dos colchões gritavam e cantavam “Vinicius macaco”.
A coisa do boneco enforcado e a frase “Madrid odeia o Real Madrid” acabou resultando na prisão de quatro pessoas, três delas do Frente Atlético dos ultras. Mas pelos gritos durante o clássico nenhuma medida foi tomada.
Nesta ocasião, as questões sobre uma Espanha supostamente racista exerceram uma pressão intensa e imediata. O Brasil levou muito a sério, o emblemático Cristo Redentor foi desligado por algumas horas em solidariedade a Vinícius. O presidente do gigante sul-americano, Lula da Silva, fez uma forte
condenação Também o chefe da FIFA, Gianni Infantino, que opinou que pelo menos o Valência (rival do Real Madrid no domingo) deve perder os três pontos. A Federação Espanhola de Futebol tomou uma medida drástica na terça-feira, seis árbitros de VAR, incluindo Iglesias Villanueva, que postou a imagem que custou a expulsão de Vinicius no Mestalla (estádio valenciano). Iglesias Villanueva não postou a imagem de quando antes, o atacante valenciano Hugo Duro agarrou o brasileiro pelo pescoço durante uma discussão com o goleiro adversário.
Sharp foi Xavi Hernández, ex-astro da Espanha e atual técnico do Barcelona. “Insulto, fora, acabou o jogo (…) não há porque tolerar o desrespeito, fazemos o nosso trabalho e não vejo tanta imprudência noutras áreas como no futebol”, disse.
Sempre pensei nisso, mas agora tenho mais poder de mídia como treinador e posso falar melhor (…) Acho que é um recado para a LaLiga e para a Federação (…) para todos, declarou Xavi.
-IMPACTO GLOBAL
Além do técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, vários de seus jogadores, como Dani Ceballos, Thibout Courtois, Nacho Fernández, estrelas internacionais também expressaram seu total apoio ao veloz atacante brasileiro.
Entre eles, Lewis Hamilton, Kylian Mbappé, Neymar, Ronaldo Nazario, Rio Ferdinand, Kaká, Jadon Sancho, Gary Lineker, Roberto Carlos e Casemiro.
Embora na Espanha alguns analistas assumam o lado da vitimização por receber críticas do exterior de que é um país racista, a grande maioria das opiniões apoia o jogador brasileiro.
A última página desprezível do esporte e do racismo que com imagens postadas hoje nas redes sociais pelo próprio Vinicius, demonstram o que sofreu ao longo de sua carreira, principalmente em solo espanhol.
“Não foi a primeira vez, nem a segunda, nem a terceira. Racismo é normal na Liga. A competição acredita que é normal, a Federação também e os adversários incentivam”, escreveu Vinicius no Instagram e no Twitter.
“Sinto muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano (Ronaldo) e (Lionel) Messi, hoje é dos racistas. Mas sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que é longe daqui”, acrescentou em outro de seus comentários.
Suas palavras causaram um rebuliço na fila do Real Madrid em um momento de certa crise para o time após a derrota na semifinal da Liga dos Campeões para o Manchester City. Atualmente, o sul-americano de 22 anos é provavelmente o melhor jogador do elenco. Nunca antes, em situações semelhantes que se arrastam na Espanha, Vinícius havia descartado a possibilidade de ir para outro campeonato, decepcionado com a falta de proteção e a atitude pusilânime ou duvidosa de influentes jornalistas locais. O presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, reuniu-se de imediato com o jogador.
A “casa branca” moveu diversas ações judiciais e tudo indica que, agora, o processo terá um percurso mais longo e, esperamos, medidas punitivas para o famoso nunca mais.
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