Depois de oito anos sem visitar o gigante sul-americano, o presidente bolivariano chegou a Brasília neste domingo em visita oficial no contexto do restabelecimento das relações diplomáticas, interrompidas há quatro anos, e da celebração hoje do encontro com 11 dos sul-americanos governantes.
A expressão de Maduro de que “espero que nunca ninguém feche as portas entre Brasil e Venezuela, e juntos possamos enfrentar as tarefas, os desafios e os caminhos do desenvolvimento compartilhado, e estarmos unidos desde agora e para sempre”, resumiu o sentimento e a vontade de recuperar o que foi atrasado em todas as áreas.
Além da vontade comum de fazer avançar os laços bilaterais, na nova era de relações que se abre, os dirigentes projetam reconstruir a unidade e a integração na região.
Como disse Maduro, no caso da Venezuela isso foi marcado pelo que chamou de “a extrema ideologização das relações internacionais”, fenômeno de aplicação de fórmulas extremistas ao direito de qualificar as relações, subdividi-las e atropelá-las, explicou.
Ele afirmou que todas as portas das relações financeiras, econômicas, comerciais, culturais, políticas e diplomáticas foram fechadas para seu país, e tentativas foram feitas por outros governos para impor um “governo inexistente” aos venezuelanos, em referência ao opositor Juan Guaidó.
O presidente venezuelano refletiu sobre o atual contexto global e o impacto do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e destacou que este mundo que está se formando merece uma América do Sul unida em sua diversidade ideológica e política.
Acrescentou que não se podem impor ideologias intolerantes, excludentes e extremistas, ou “Você pensa como eu ou não está conosco, ou vai embora daqui”, disse.
Essa é uma “ideologia intolerante, extremista e excludente” e sobre essa base jamais poderá ser construída a união na necessária diversidade de nossa América, enfatizou.
Na sua opinião, hoje propõe-se que “estejamos todos unidos”, que nos respeitemos e imponhamos uma cultura de diálogo e aprendamos a ouvir, para “avançar nas grandes questões” do desenvolvimento comum e da defesa do ambiente.
Perguntou quantas questões importantes de interesse comum temos, como o desenvolvimento social, um sistema público de saúde que funcione em todo o continente, a segurança alimentar e energética, o desenvolvimento da independência e o dinheiro que a região necessita.
O chefe de Estado bolivariano pediu a construção de uma nova geopolítica que tenha como componentes fundamentais a “união da América do Sul e nossa América” na diversidade.
Lula avançou alguns dos eixos que seus homólogos sul-americanos discutirão na terça-feira no encontro por ele convocado e destacou que a tarefa programática é construir novos destinos entre os países da região em áreas como integração, desenvolvimento econômico e social.
Temos que nos reunir para discutir se queremos continuar sendo o que somos, do tamanho que temos, ou se queremos ser mais fortes, “formar um bloco para negociar com mais força e com muito mais chances de ganhar”, afirmou em referência àquela reunião.
O presidente brasileiro incitou a necessidade de união e cooperação para enfrentar os desafios impostos por uma nova ordem nas relações políticas, sociais, econômicas e culturais da América do Sul.
Ele ressaltou que a América do Sul tem que ser convencida de que precisa funcionar como se fosse um bloco, não podemos acreditar que cada país sozinho possa resolver seus próprios problemas que já têm 500 anos, afirmou.
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