6 de January de 2025
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Carlos Acosta, com os pés no céu e a alma em Cuba

Carlos Acosta, com os pés no céu e a alma em Cuba

Havana (Prensa Latina) Esses pés que tocaram o chãozinho, para não se perder, merecem hoje ao bailarino cubano Carlos Acosta as maiores conquistas em uma profissão que fez sua própria e traz ao mundo com alma de Cuba.

Por Adis Marlén Morera

Da Redação Cultural de Prensa Latina

Graças a seu pai, Acosta deu seus primeiros passos -quase por obrigação- nesta expressão artística que logo se tornou uma companheira inseparável e cúmplice de seus mais que merecidos triunfos no universo bailarino.

Ao completar 50 anos nesta sexta-feira, é impossível retratar sua vida artística em um pequeno espaço de texto, já que seus inúmeros prêmios e sua própria carreira são um desafio para qualquer contador de histórias.

O seu virtuosismo permitiu-lhe licenciar-se em 1991 com a mais alta qualificação na Escola Nacional de Ballet, montra de importantes companhias que nele apostaram, desde o Ballet Nacional de Cuba ou o Ballet Nacional Inglês, ao Houston Ballet e ao Ballet Teatro Americano.

Antes, seu talento o levou a dançar em formatos de prestígio como a Compagnia Teatro Nuovo di Torino, na Itália, e o conjunto do Teatro Teresa Carreño de Caracas, na Venezuela.

Mas o seu trabalho ficou registado de forma especial no Royal Ballet de Londres, grupo que prestigiou com a sua entrada em 1998, e no qual foi promovido a bailarino convidado principal em 2003. Em conjunto com aquela companhia, as suas comprovadas competências valeram-

lhe em 2014 a Medalha do Comandante da Mais Excelente Ordem do Império Britânico (CBE), recebida das mãos da Rainha Elizabeth II da Inglaterra.

Um ano depois, despediu-se do conceituado ensemble, mas não dos palcos londrinos, pois desde 2020 dirige o Royal Ballet de Birmingham e é membro do Board of Governors da The Royal Ballet School.

Ao rever em detalhe a sua vida, as palavras que o homenageiam tornam-se mínimas face ao compromisso de exaltar a obra artística de um homem que dispensa mais elogios, enquanto Carlos Acosta é, na sua totalidade, Arte.

Em Havana, o coreógrafo também é apaixonado por sua companhia Acosta Danza, com a qual, desde 2015, cumpre uma intensa agenda de shows pelo mundo e combina o clássico com o contemporâneo, mesclado com elementos da dança cubana.

“Agora temos este espaço, no qual funciona também a academia. O meu grande sonho é salvar o edifício da escola de balé do Instituto Superior de Arte (ISA), para lá instalar a sede do projeto”, disse o intérprete em uma entrevista.

As oportunidades que lhe foram oferecidas quando o seu nome mal ressoava neste universo levaram-no a criar em 2017 a Fundação Carlos Acosta Dance, que oferece a jovens talentos um programa gratuito de formação em dança por um período de três anos.

Desta forma, Acosta responde com gratidão à vida e ao seu pai por lhe mostrar o caminho desta manifestação, na qual encontrou, segundo disse, a salvação de que tanto precisou no seu início para esculpir um mundo de sonhos e conquistas sem olhar para trás.

Precisamente, No Way Home é o título do livro que escreveu em 2007 e no qual descrevia os altos e baixos que viveu ao longo da sua carreira. O volume inspirou o cineasta Paul Laverty a desenvolver o roteiro do filme Yuli (2018), seu apelido quando criança.

Dirigido por Iciar Bollain, o filme foi rodado em locações em Havana, Londres e Madri, e se passa em um cenário contemporâneo onde o protagonista retorna à capital cubana para encenar uma coreografia sobre sua vida.

Revivendo meu passado, interpretando-o e dançando durante as filmagens, foi uma experiência intensa e dolorosa, Acosta confessou certa vez.

Dono de uma performance impecável que torna seus movimentos únicos, conquistou os maiores louros a que um bailarino pode aspirar.

O seu catálogo é distinguido com a Medalha de Ouro do Prix de Lausanne (1990), do Frédéric Chopin (1990), atribuído pela Polish Artistic Corporation, e do Prémio de Mérito no Concurso de Jovens Talentos, na Italia (1991).

A estes juntam-se o Princess Grace Foundation Dance Prize (1995), o Laurence Olivier (2006) e o National Dance Prize (2011).

Recentemente, Acosta recebeu o prêmio Lifetime Achievement 2023 de Lausanne, na Suíça, a decisão constitui um verdadeiro símbolo de sucesso e uma “missão cumprida” para lhe entregar o prêmio quando o evento completa 50 anos, destacou o comunicado.

O artista anunciou recentemente que voltará aos palcos da Royal Opera House de Londres, no Reino Unido, para comemorar seu meio século de vida e com ele milhares dançarão em sua terra natal como sinal de carinho para aqueles que guardam em seus corações e pés a dança de toda Cuba.

arco/adm/ls

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