Sergio Rodríguez Gelfenstein*, colaborador de Prensa Latina
Além de recriar o quotidiano dos últimos quatro anos marcados pela pandemia e pelo conflito na Ucrânia, numa saga, com estas três prestações, procurámos dar conta das transformações que se têm vindo a verificar – nesta ainda breve fase da história – como consequência destes dois acontecimentos que estão a abalar tanto a derme como a epiderme do sistema internacional.
Nesta última edição, “Do atlantismo ao pólo eurasiano…”, damos conta da profunda mutação que está ocorrendo no mundo após a operação militar especial da Rússia na Ucrânia. O trabalho centra-se no acompanhamento do percurso militar do conflito e das reformulações que a NATO tem feito para responder a uma dinâmica que, gerada pela sua ambiciosa vontade de expansão, seguiu um rumo indesejado para os seus interesses.
Da mesma forma, inclui o novo ritmo que a China está dando à dinâmica global em um contexto de mudança de territorialidade e, como consequência do anterior, a reação do Ocidente, seu apoio à expansão do neonazismo e do fascismo e a rejeição em busca de uma necessária paz multilateral.
Finalmente, o livro se encarrega de estudar as repercussões que esses eventos estão tendo na América Latina e no Caribe, da mesma forma que fornece elementos de análise para entender os suportes que vêm para argumentar que -no fundo- como uma marca da nos tempos em que vivemos, uma nova configuração global está emergindo.
No prólogo, o destacado analista internacional argentino e excepcional estudioso da geopolítica Carlos Pereyra-Mele assinala que: “O livro, com suas 174 páginas ágeis, claras e diretas, nos impõe a célebre frase de Montesquieu: “O culpado do início de uma guerra geralmente não é o “culpado”, mas aquele que a tornou “inevitável”. E em seu texto eles confirmam que O MUNDO DE YALTA E POTSDAM FEZ, arrastando consigo suas estruturas-chave como a ONU e Bretton Woods. Tudo isso após o desaparecimento da URSS, quando do triunfalismo dos EUA. e seus associados o levaram a afirmar, sob os auspícios dos neoconservadores norte-americanos e da versão econômica do neoliberalismo, que o século XXI seria “o século americano”. No entanto, apenas 23 anos depois, uma reivindicação tão grandiosa está falhando em todas as frentes e está imersa em uma crise muito profunda, especialmente devido ao crescimento de “países marginais ou revisionistas”, tradicionalmente ignorados pelas elites anglo-saxônicas.
É evidente que ambos os autores, além de serem habitantes do território “hospitaleiro” sul-americano – muito pelo contrário de inóspito -, não carregam os defeitos do pseudo-intelectual e do supremacismo político do eurocentrismo e da anglo-esfera. O que lhes permite analisar o mundo vindouro da terra “hospitalar” da América do Sul, ao contrário do mundo “inóspito” ocidental, com um pensamento original – o dos autores – e que nos obriga a repensar tudo de novo, ou seja, pensar diferente, dando espaço e validade ao que disse Vasconcelos sobre “nossa raça cósmica”, o que nos permite diferenciar-nos daquele pensamento imperial e hegemônico”.
Organizado por Acercándonos Ediciones, nesta ocasião faremos apresentações nas cidades de Buenos Aires, Gualeguaychú, Concordia, Paraná, Rosario, Río Tercero, San Luis, Mendoza, Villa Mercedes e La Plata em um tour que nos levará a alguns dos as principais cidades do país. Os eventos foram patrocinados por organizações sociais, sindicais, políticas e estudantis nacionais e provinciais.
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