Dois aniversários que convergem na história e se sobrepõem ao trabalho do combatente internacionalista e à saga da Agência Latino-Americana de Informação, que Che propôs chamar de Prensa Latina, o primeiro e principal meio alternativo da América Latina e do Caribe.
O comandante da Sierra Maestra tinha 31 anos quando nasceu a Prensa Latina ou a então PL, como identificou o primeiro telegrama que saiu dos teletipos de seu quartel-general nesta capital.
A história mostra que no início desse esforço, jornalistas cubanos e de outras nações do continente se reuniram em Havana, como parte de uma ofensiva para enfrentar a guerra midiática e as mentiras propagadas contra a nascente Revolução Cubana.
Em 22 de janeiro de 1959, em uma coletiva de imprensa massiva, Fidel Castro disse a repórteres de diferentes latitudes:
“Não temos cabos internacionais e vocês, jornalistas latino-americanos, não têm escolha a não ser aceitar o que diz o cabo que não é latino-americano”.
O líder revolucionário cubano acrescentou a esse respeito: “… digo a vocês que a imprensa latino-americana deve dispor de meios que lhe permitam saber a verdade e não ser vítima de mentiras”.
Aconteceu nos tempos da chamada Operação Verdade, que teve Fidel Castro e Ernesto Guevara entre seus organizadores, tendo como primeiro diretor o jornalista argentino Jorge Ricardo Masetti.
Foi o embrião da Prensa Latina, que hoje recolhe em seus escritórios as comemorações em Cuba e no mundo do nascimento do Comandante guerrilheiro, enquanto persiste em sua missão fundadora de ser a voz dos despossuídos e das causas justas.
Che manteve uma relação permanente com Masetti, que o entrevistou na Sierra Maestra em abril de 1958 durante a luta contra a ditadura de Fulgêncio Batista, então presidente de Cuba.
A Prensa Latina esteve no centro das suas atenções e visitou-a com relativa frequência, de olho no seu funcionamento, desenvolvimento e necessidade, em tempos de confronto com a desinformação.
Muitas fotografias da época o mostram em pleno andamento, no nascimento de uma agência que sempre acompanhou.
Precisamente, em um de seus últimos aniversários, em conjunto com a editora Ocean Sur, o livro Che Guevara foi publicado pelas lentes da Prensa Latina.
As imagens de Ernesto Guevara da equipe de fotógrafos da agência deram forma a este trabalho, muito seguido pelos leitores, com instantâneos pouco conhecidos que situam Che em momentos transcendentais da história de Cuba e também da agência que ajudou a fundar o 16 de junho de 1959, e a qual o governo dos Estados Unidos previu apenas um mês de vida.
Neste aniversário de 95 anos do Che, a Prensa Latina segue, em meio a conquistas e desafios, em uma luta permanente contra a desinformação, a manipulação e as notícias falsas que seguem sendo tecidas.
Com o legado do Comandante guerrilheiro, a agência tornou-se nestas mais de seis décadas de existência uma central multimídia, com a transmissão de mais de 400 despachos diários e a edição de 20 publicações.
Acrescenta-se uma fototeca, que recolhe com suas imagens os acontecimentos mais importantes ocorridos em Cuba e no mundo, serviços de rádio e televisão e participações em diversas redes digitais.
Sua própria mensagem, cubana, latino-americana, terceiro-mundista, se reflete em vários idiomas, pois correspondentes em quase 40 países e dezenas de colaboradores, alguns deles grandes escritores do continente, contribuem para dar vida a Prensa Latina, esta agência a serviço da verdade, também leva o selo guevariano.
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