Ao falar na Cúpula do Novo Pacto Global de Financiamento, ao lado de seu homólogo francês, Emmanuel Macron, o ex-sindicalista aludiu a dispositivos que prevêem sanções, consideradas duras pelo governo brasileiro, em caso de descumprimento de obrigações por países participantes.
“Estou louco para chegar a um acordo com a União Europeia. Mas não é possível, a carta adicional feita pela União Europeia não permite que um acordo seja feito. Nós faremos a resposta e enviaremos a resposta, mas precisamos começar a discutir.” , apontou.
Ele insistiu que “não é possível que tenhamos uma associação estratégica, e há uma carta adicional que ameaça um parceiro estratégico”.
O acordo entre os dois blocos vem sendo negociado desde 1999. Em 2019 encerraram-se as negociações comerciais e dois anos depois as relacionadas a aspectos políticos e de cooperação.
Desde então, o pacto está em fase de revisão para ser assinado e a política ambiental do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que resultou no aumento do desmatamento, dificultou as negociações.
A UE enviou ao Mercosul um documento com “instrumentos adicionais” a serem acrescentados ao acordo. São aqueles aditivos que Lula definiu como ameaça.
Uma delas se refere à lei aprovada pelo Conselho Europeu em maio passado, que proíbe a importação de produtos provenientes de áreas desmatadas após 2020, além de prever a aplicação de multas.
O Itamaraty está negociando com os demais integrantes do Mercosul a apresentação de uma contraproposta.
Também em seu discurso, no qual abordou a desigualdade e a fome, Lula voltou a defender a criação de uma moeda alternativa para que os países envolvidos em uma transação comercial sem a participação dos Estados Unidos não precisem depender do dólar.
“Algumas pessoas ficam assustadas quando falo em criar novas moedas em novos negócios. Não sei por que Brasil e Argentina têm que negociar em dólares, por que as pessoas não podem fazer isso em nossas moedas. Não sei por que Brasil e A China não pode fazer nas nossas moedas, por que tenho que comprar dólares”, questionou o fundador do Partido dos Trabalhadores.
Ele anunciou que a discussão sobre o tema está em sua agenda de prioridades e deve ser tratada na próxima reunião dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, marcada para o segundo semestre.
Da mesma forma, o ex-líder sindical garantiu que levará o assunto à próxima reunião do G20, que reúne os países com economias mais desenvolvidas.
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