Em entrevista à Radio Universidad, Fernández disse sobre o golpe militar: “historiadores e cientistas políticos poderão discutir por que e como aconteceu”, e acrescentou: “o que poderíamos tentar concordar é que os eventos posteriores a esse golpe são inaceitáveis”.
Vários setores políticos e organizações de familiares de vítimas da ditadura interpretaram essas palavras como a intenção de separar a interrupção violenta do governo democrático de Allende, de suas consequências posteriores.
Fernández é justamente o principal assessor do Governo dos atos comemorativos do 50º aniversário do 11 de setembro de 1973, o que gerou maior desconforto em suas declarações.
A AFEP assegurou em comunicado que o golpe e a ditadura militar são expressões indissociáveis pelo seu carácter antidemocrático e pela sua ligação a crimes contra a humanidade.
É um péssimo sinal, diz o documento, que Patricio Fernández não condene o golpe, que desencadeou o crime mais brutal conhecido no país.
Durante as últimas semanas, representantes da direita e da extrema direita também emitiram declarações negando a gravidade dos acontecimentos neste período da história moderna chilena.
Frases como “sem Allende não haveria Pinochet” ou “é preciso olhar para o futuro e tirar os olhos do retrovisor” refletem a intenção desses setores de mudar ou rejeitar a história.
Nesse sentido, a AFEP afirmou que o golpe militar foi o meio para acabar com a democracia e impor uma instituição a serviço dos interesses e privilégios daqueles que agora reivindicam o ditador como estadista.
O deputado pelo Partido Comunista do Chile, Luis Cuello, expressou sua preocupação de que, ao comemorar o golpe de um governo progressista, não seja possível minimizar esse fato.
Por sua vez, a advogada especializada em questões de direitos humanos Carmen Hertz afirmou que, apesar das diferentes opiniões sobre o assunto, a rebelião foi um crime contra a humanidade e inaugurou o terrorismo de Estado no Chile.
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