La Paz, 13 jul (Prensa Latina) O ministro boliviano, Rogelio Mayta, assegurou hoje, a propósito do Dia da Fraternidade Argentino-Boliviana, que os dois países vivem um momento especial em suas relações.

“Podemos dizer que faz jus à secular tradição de fraternidade que ratificamos permanentemente”, disse em entrevista à Prensa Latina.

Mayta assistiu à encenação da peça Juana Vive!, com a qual os dois países encerraram uma semana de comemorações nacionais.

A peça foi interpretada pelos artistas argentinos Luisa Kuliok e Roberto Romano, e sua montagem coincidiu com o 243º aniversário do nascimento de Juana Azurduy, uma heroína nascida em Chuquisaca, que lutou nas fileiras do movimento de independência da Argentina.

“Este ano conseguimos assinar um tratado de fraternidade, de integração entre os nossos povos a que chamamos Juana Azurduy. É uma amostra dos laços entre os nossos povos, que vai para além das estruturas do Estado”, disse o ministro das Relações Exteriores a esta agência de notícias.

Mayta destacou que na Argentina existe uma importante comunidade de bolivianos e as duas nações estão em constante intercâmbio, que valorizam e comemoram praticamente no dia a dia.

Ele quis dizer que é essa irmandade latino-americana a responsável pela defesa dos direitos desses povos e de suas liberdades, “diante dos ataques e discursos da ultradireita de que a única coisa que eles querem é tomar o poder e assim perpetuar a pilhagem das riquezas do nosso continente”.

Em 4 de julho, Bolívia e Argentina assinaram o Tratado Juana Azurduy de Fraternidade, Integração e Cooperação.

Da mesma forma, selaram três outros acordos referentes à troca de documentação de arquivo para o esclarecimento de graves violações de direitos humanos, assistência médica binacional e reconhecimento recíproco e troca de carteiras de habilitação.

Assinado pelos dignitários da Bolívia e da Argentina, Luis Arce e Alberto Fernández, respectivamente, o Tratado da Irmandade Juana Azurduy promove a integração e a cooperação bilateral.

Mayta e seu sócio Santiago Cafiero, por sua vez, assinaram três acordos, entre eles o que estabelece a troca de documentação de expediente para o esclarecimento de graves violações de direitos humanos.

Este último texto gera esperança para as dezenas de milhares de pessoas e suas famílias que sofreram a repressão imposta na América do Sul nas décadas de 1970 e 1980 durante o chamado Plano Condor, executado por ditaduras militares com aval da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos.

Questionado pela Prensa Latina sobre a próxima Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Européia, Mayta disse que este é um momento importante.

“Esperamos que possa marcar uma viragem, uma nova forma de relacionamento entre estas duas importantes regiões da comunidade internacional”, afirmou.

O chanceler alertou que “estamos vivendo tempos complexos de construção de uma nova ordem mundial, e é uma boa oportunidade para repensar essa relação”.

Ressaltou que “viemos de uma história de colonialismo europeu, com uma relação absolutamente assimétrica, e agora é um bom momento para repensar esses vínculos”.

Mayta expressou a esperança de que este encontro constitua um momento para o início de um processo que será forjado nos próximos anos.

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