Em um país que em 2022 foi o mais afetado por mortes por ondas de calor na Europa, com mais de 18.000, a chegada de temperaturas incendiárias assusta a população e os turistas que buscam lugares sombreados e fontes de água, como abrigos para fugir de uma verdadeira tortura impostas por um sol e um ar que as queima.
Caronte e Cérbero, ambas figuras mitológicas do inferno, o primeiro como barqueiro do deus Hades e o segundo como seu cachorro de três cabeças e cobra no lugar de rabo, parecem imagens ideais para representar e identificar esses fenômenos meteorológicos que hoje atacam a Itália.
Roma, Florença, Bolonha, três belas cidades da arte, lugares favoritos dos moradores e visitantes, estão entre as mais atingidas.
A paradisíaca ilha da Sardenha também está mais próxima do submundo do que do céu, com calor que pode chegar a 40 graus neste domingo e até 48 graus na terça-feira, segundo as previsões divulgadas pelo site digital especializado Il Meteo.it.
As temperaturas mais altas da história são esperadas nas zonas interiores e sul daquela ilha, 800 quilômetros a sudoeste desta capital, segundo o meteorologista Antonio Sanó, fundador daquele portal de informação.
Com Cerberus, durante a semana que termina, as temperaturas atingiram os 43 e 44ºC em vários locais deste país, mas com Charon, muitas cidades puderam ver recordes históricos de calor, incluindo Foggia, Agrigento e Oristano.
O ceifador já fez algumas vítimas, incluindo um trabalhador que perdeu a vida em Florença enquanto trabalhava em um armazém e um homem de 44 anos que trabalhava em Lodi como sinalização rodoviária sob um sol escaldante.
Nestes dias, são esperados 43 C em Roma e 45ºC em Siracusa, enquanto nas cidades localizadas ao longo do vale do norte do rio Pó, os termômetros podem marcar mais de 40ºC.
A Itália, segundo um recente relatório divulgado pela revista Nature, foi o país europeu onde mais pessoas perderam a vida devido ao calor no ano passado, com 18.010 mortes por esta causa, enquanto a nível regional as mortes totalizaram 61.672.
A média europeia foi de 114 mortos devido ao calor por cada milhão de habitantes, mas neste país o número chega a 295, precisou a fonte, e teme-se que em 2023 seja ultrapassado, caso se mantenham tão altas temperaturas durante este verão sufocante.
mem/ort/cm