Apesar de o Executivo ter tentado negar o significado dos protestos, a presidenta dedicou-lhe uma mensagem que oscilou entre a desqualificação do movimento contra ela e uma oferta de diálogo que se recusa a atender às demandas levantadas, de caráter político, e está condicionada a limitar-se a uma agenda exclusivamente social.
A mesma fórmula falhou diante dos protestos de dezembro a março, que registraram 49 mortes em manifestações, quase todas no interior e a maioria na região sul andina de Puno.
O balanço letal e a desaprovação maciça e crescente de Boluartye nas urnas, para os líderes dos novos protestos, inviabiliza a continuação da permanência da presidenta no cargo, embora ontem em sua mensagem ao país tenha dito que tem um longo caminho para ir em turnê como governante.
A ex-candidata presidencial progressista Verónica Mendoza, que visitou várias partes do país convocando protestos, declarou ontem que o governo promove a violência mobilizando massivamente a polícia e desenvolvendo uma campanha de intimidação e “terruqueo” (chamando os que protestam de terroristas ou similares).
Mendoza apontou o presidente como responsável pelas mortes de manifestantes e transeuntes, além de seis soldados indígenas afogados em um rio durante manifestações na região andina do sul de Puno.
Também a responsabilizou pelo que pode acontecer daqui para frente, por sua determinação em se agarrar ao poder, ao que Boluarte respondeu que a mensagem de Mendoza era de ódio.
As novas manifestações da oposição acontecerão não apenas em Lima, onde chegam os manifestantes das províncias, mas também no interior do país, segundo os líderes do movimento.
Antes da chegada dos provinciais, o Governo reforçou os controles nos acessos a Lima, onde a Polícia identifica e regista fotograficamente e em vídeo quem chega para protestar.
Várias organizações se engajaram no protesto, inclusive de moradores dos bairros populares da capital.
Os descontentes exigem, além da renúncia presidencial, eleições gerais antecipadas e justiça pelas mortes registradas nos protestos anteriores, entre outros pontos.
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