Este é o início da corrida ao Palácio da Moncloa (sede do Executivo), depois de Sua Majestade ter recebido na semana anterior a nova presidente do Congresso, Francina Armengol.
No Palácio de la Zarzuela, residência da família real, estabeleceu esta segunda-feira os primeiros diálogos com delegados de organizações com representação parlamentar, para depois decidir quem vai propor para chefiar o Governo.
Embora se saiba que as reuniões cruciais serão amanhã terça-feira, Felipe VI terá que medir o pulso das tendências de todos os grupos, exceto três que recusaram as entrevistas devido a seus perfis pró-independência, ERC e Junts de Catalunya, e EH Bildu.
Os dois principais partidos políticos, o Socialista Operário Espanhol (PSOE) com maioria no Executivo interino liderado por Pedro Sánchez; e o conservador Partido Popular (PP), liderado por Alberto Núñez Feijóo.
Cruzamentos de espadas e lobby dominam o ambiente, principalmente nos últimos 10 dias. De cara, a esquerda saiu ilesa do primeiro teste, ao conseguir que Armengol (socialista) assumisse as rédeas do Congresso dos Deputados, derrotando o candidato do PP, Cuca Gamarra.
São as duas organizações com possibilidade de formar Governo, mas de forma muito apertada. Sánchez, com o PSOE, conquistou 121 cadeiras nas eleições gerais. A vitória na Câmara dos Deputados baseia-se, porém, em pactos com os independentistas dos Junts por Catalunya, do fugitivo da justiça Carles Puigdemont, e teme-se que tenha de fazer concessões para obter a investidura.
Núñez Feijóo, por sua vez, goza do favor de 137 assentos, mas não tem a maioria para governar e apesar de concordar com Vox (33 assentos) e algumas pequenas formações, chegaria a 172 dos 176 necessários para uma maioria absoluta.
Sánchez, com o apoio de Junts, conseguiria 178, mas o custo político pode tornar a legislatura bastante incerta e de curta duração.
Como esperado, UPN (Navarra) e CC (Ilhas Canárias) expressaram seu apoio à proposta de Núñez Feijóo, enquanto PNV (País Basco) e Sumar (coalizão de esquerda de 16 partidos), pela fórmula de Sánchez.
Amanhã, Felipe VI conversará pela manhã com o presidente do Vox, de extrema direita, Santiago Abascal, e depois com o secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez.
À tarde, encerrará os encontros com o presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo.
Será o monarca, após alguns dias de reflexão, o encarregado de designar um candidato a submeter aos debates de investidura no Congresso dos Deputados.
O candidato precisaria de maioria absoluta para se tornar o próximo ocupante de Moncloa, ou vencer por maioria simples na segunda votação.
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