Ele argumentou que a entrada da Argentina no bloco seria fundamental para o gigante sul-americano Brasil, devido à interdependência econômica entre os dois países.
“O Brasil não pode fazer política de desenvolvimento industrial sem a Argentina, ela tem que andar de mãos dadas com o Brasil”, disse o ex-sindicalista, lembrando que o país vizinho é o principal comprador de produtos manufaturados nacionais.
Em seu discurso, ele criticou o Fundo Monetário Internacional, que só aparece “quando há crises em pequenos países da África e da América Latina”, e cujos empréstimos deixam a nação devedora presa e incapaz de sair.
O fundador do Partido dos Trabalhadores também prometeu pressionar pela desdolarização do comércio com os outros membros do Brics. “Vamos negociar com nossas moedas e deixar que os Bancos Centrais façam acordos no final de cada mês. O Brasil com a China, com a Índia? Precisamos discutir isso”, disse ele.
Ressaltou que “defendemos uma moeda de referência para os negócios para que não precisemos da moeda de outro país. Por que eu faço negócios com a China e preciso do dólar? O Brasil e a China são grandes o suficiente para fazer negócios em suas moedas ou em outra unidade de referência”, argumentou.
Ele insistiu que as economias emergentes “não podem depender de um único país que tenha dólares” e “viver com as flutuações” dessa moeda.
O ex-líder trabalhista também escreveu em uma rede social que deseja um Brics em pé de igualdade com a União Europeia e os Estados Unidos.
“O Brics não é um contraponto ao G7 (grupo dos sete, composto por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos), nem ao G20 (dos 20 países industrializados e emergentes), nem contra ninguém”, dedilhou.
Especificou que o bloco quer se organizar “como o Sul Global, algo que não existia antes. Somos importantes no debate global, sentados à mesa de negociações, em pé de igualdade com a União Europeia e os Estados Unidos”, observou.
Lula está em Joanesburgo (África do Sul) para participar da 15ª reunião de chefes de Estado e de governo dos países do Brics, que começa na terça-feira.
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