Autoridades governamentais e meios de comunicação locais destacaram a decisão, que também incluiu Egito, Argentina, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, conforme informou o presidente da África do Sul, Ciryl Ramaphosa, durante a XV Cúpula do Brics, realizada em Joanesburgo.
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, que participou na passada quinta-feira no evento Brics-Africa Outreach e Brics Plus Dialogue, revelou na sua conta na rede social X que o apoio do grupo foi um grande momento para o país. “A Etiópia está pronta a cooperar com todos para uma ordem mundial inclusiva e próspera.”
Mas, para além da cooperação, segundo Ahmed, esta adesão em vigor a partir de 1 de janeiro de 2024 confirma o compromisso do país africano com o multilateralismo.
“Um multilateralismo reformado implica inclusão, cooperação e diversidade de vozes e interesses. Ao amplificar as vozes de vários cantos do mundo, podemos trabalhar de forma colaborativa para um mundo equitativo e pacífico”, disse ele no seu discurso.
Ele considerou que a coletividade é essencial para resolver os desafios globais e os Brics poderiam ser uma iniciativa chave que responde aos repetidos apelos por um novo multilateralismo se seguirem o caminho da inclusão.
Lembrou que a posição geográfica da Etiópia favorece a conectividade com o resto da região, o comércio e a integração económica global, bem como os esforços nacionais para construir infraestruturas de desenvolvimento, energia limpa e telecomunicações como um sinal do seu potencial como um centro para os países africanos.
Ele descreveu os Brics como um dos maiores blocos emergentes do mundo em termos de população, economia e influência cada vez maior, ao qual muitos países procuram aderir.
Sobre as características económicas dos novos membros, especialmente com um Produto Interno Bruto consideravelmente elevado, sublinhou que, no caso da Etiópia, foi selecionada devido às suas perspectivas de desenvolvimento e como futura potência africana.
Cooperação Sul-Sul
A adesão da Etiópia ao grupo Brics consolidará a cooperação Sul-Sul, assegurou o primeiro-ministro Abiy Ahmed em conversações com os líderes destes países, que reconheceram que é crucial para a influência diplomática de África na cena internacional.
Segundo Ahmed, fazer parte do bloco económico pode ser considerada uma das maiores vitórias diplomáticas do país registadas nas últimas décadas. Na mesma linha de análise, o Serviço de Comunicação do Governo (GCS) sublinhou que esta decisão manifesta sucesso diplomático e perseverança.
A adesão trará muitos benefícios económicos. Além de aumentar a sua influência a nível internacional, abre a porta para que vários projetos de infraestruturas recebam financiamento através do banco de desenvolvimento do bloco económico, afirmou o GCS em comunicado.
Sublinhou que esta instituição financeira é uma alternativa às internacionais existentes. “Esta é uma questão muito importante em termos de aliviar a escassez de divisas de uma forma sustentável.”
Considerando que as perspectivas de laços comerciais, culturais e políticos entre os países membros do Brics estão num nível avançado, a admissão de Adis Abeba aumentará ainda mais a sua influência diplomática, sublinha a publicação.
Em termos de investimento, a cooperação dos países membros será uma fonte de crescimento económico adicional para a Etiópia, porque eles terão o seu próprio papel na proteção dos interesses nacionais no Corno da África.
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