“A desigualdade deve inspirar indignação. Indignação com a fome, a pobreza, a guerra, a falta de respeito ao ser humano”, disse Lula no início da 78ª sessão do órgão deliberativo da ONU em Nova York.
Enfatizou que somente “movidos pelo poder da indignação podemos agir com vontade e determinação para superar a desigualdade e transformar efetivamente o mundo ao nosso redor”.
Conclamou a ONU a cumprir seu papel de construtora de um mundo mais justo, unido e fraterno, e só “fará isso se seus membros tiverem a coragem de proclamar sua indignação com a desigualdade e trabalhar incansavelmente para superá-la”.
O ex-sindicalista lembrou que ocupou essa tribuna pela primeira vez há 20 anos e “volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade”.
Ele disse que, naquela época, o mundo ainda não havia percebido a gravidade da crise climática, mas hoje “ela está batendo às nossas portas, destruindo nossas casas, nossas cidades, nossos países, matando e impondo perdas e sofrimento aos nossos irmãos e irmãs, especialmente os mais pobres”.
Alertou que a fome afeta 735 milhões de seres humanos que “dormirão esta noite sem saber se terão algo para comer amanhã”.
Para Lula, a ação coletiva mais ampla e ambiciosa da ONU para o desenvolvimento, a Agenda 2030, pode vir a ser seu maior fracasso.
Disse que a maioria das metas de desenvolvimento sustentável está avançando em um ritmo lento. “Nos sete anos restantes, a redução das desigualdades dentro dos países e entre eles deve se tornar o objetivo principal da Agenda 2030.
Garantiu que seu país está comprometido com a implementação das 17 metas de desenvolvimento sustentável de forma integrada e indivisível.
“Queremos alcançar a igualdade racial na sociedade brasileira por meio de uma décima oitava meta que adotaremos voluntariamente”, disse ele.
Em outra parte de seu discurso, Lula ratificou que o Brasil continuará a denunciar medidas adotadas sem a proteção da Carta da ONU, como o bloqueio econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador do terrorismo.
“Continuaremos a criticar qualquer tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reacender a Guerra Fria”, disse ele.
Considerou que o Conselho de Segurança da ONU está perdendo progressivamente sua credibilidade e “essa fragilidade decorre especialmente das ações de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou mudança de regime”.
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