Esse órgão é responsável pela elaboração de uma nova Carta Magna com base num projeto elaborado por uma comissão de especialistas, mas o Partido Republicano e os seus aliados introduziram mais de mil alterações com o objetivo de impor os seus critérios.
Implementam assim uma lei fundamental que, na opinião de analistas e representantes de organizações políticas e sociais, terá um conteúdo muito mais restritivo em relação à imposta em 1980 durante a ditadura de Augusto Pinochet.
Algumas das medidas aprovadas esta semana visam elevar à categoria constitucional o papel das sociedades gestoras de fundos de pensões, que aproveitam as contribuições dos trabalhadores para obter grandes lucros e pagar pensões miseráveis.
Eles também elogiam o papel das seguradoras de saúde e dos centros educacionais privados.
Segundo o conselheiro Fernando Viveros, a direita transformou as pensões, a educação e a saúde em mercadorias das quais lucram e fazem desaparecer o Estado Social Democrata, ao qual aspira a população.
O direito à interrupção voluntária da gravidez também é violado em casos de perigo para a vida da mãe, de malformações no feto ou quando é resultado de violação.
Em termos de garantias trabalhistas, reduz a importância dos sindicatos e elimina a função de adesão a organizações comerciais internacionais, enquanto a greve está sujeita a acordos prévios com o setor patronal.
Yerko Ljubetic, do partido Convergência Social, disse que as sessões desta semana deixam um gosto amargo e mostram o uso de uma maquinaria que destrói direitos e liberdades para o Chile. Outra medida controversa foi impor no projeto de Constituição a eliminação do pagamento de impostos pela primeira habitação familiar, com o pretexto de favorecer as classes médias e baixas da população.
Porém, Carolina Leitão, presidente da Associação Chilena de Municípios, lembrou que a maioria dos imóveis modestos são isentos de contribuições e a regra, na verdade, vai favorecer os grandes proprietários de bairros luxuosos do país.
A extrema direita também introduziu o princípio da objeção de consciência institucional, que na opinião do especialista do Partido Comunista, Alexis Cortés, permitirá que qualquer pessoa ou entidade privada se recuse a cumprir a lei protegida pela Constituição. oda/carro/eam/ml