A afirmação foi feita pelo Secretário Executivo da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África (ECA), Claver Gatete, falando no primeiro dia da Conferência Econômica Africana 2023, que aborda essa e outras questões.
“A industrialização é fundamental para o crescimento e a transformação sustentados, pois proporciona emprego, aquisição de habilidades, inovação e emprego formal, especialmente para mulheres e jovens”, enfatizou.
Por sua vez, a presidente da Etiópia, Saleh-Work Zewde, disse que o continente precisa lidar com as mudanças climáticas, a instabilidade política e os conflitos, que podem ser destrutivos para o crescimento econômico, o capital humano e ameaçar o desenvolvimento social.
Zewde pediu que fossem redobrados os esforços para alcançar um setor industrial robusto que possa resistir a choques externos e lembrou que a dependência de fabricantes estrangeiros ameaça o desenvolvimento da África.
“É necessário mudar a narrativa sobre a industrialização da África para alcançar um desenvolvimento industrial inclusivo e sustentável. Ninguém deve ser deixado para trás na criação e no compartilhamento de recursos”, acrescentou.
A agenda da conferência incluiu um discurso do diretor da Divisão de Integração Regional e Comércio da ECA, Stephen Karingi, que disse que a promessa da Área de Livre Comércio Continental Africana (Afcfta) é unir as economias africanas.
Karingi enfatizou que a Afcfta criaria um mercado para 1,5 bilhão de pessoas para promover o comércio, o que exige vontade política por parte dos estados-membros.
“Para garantir que a Afcfta se torne uma ferramenta para todos os africanos, ela deve ser inclusiva e sustentável para jovens, mulheres e pessoas com deficiência. Essa iniciativa deve priorizar o acesso equitativo ao mercado, reduzir as barreiras comerciais e promover a concorrência justa”, enfatizou.
O diretor da Divisão de Macroeconomia e Governança da Comissão, Adam Elhiraika, comentou que a África contribui com cerca de 1,7% da cadeia de valor global, daí a necessidade de promover a agregação de valor regional e local, não apenas para exportações, mas também para uso local e importações.
“A transformação industrial na África não é uma escolha ou opção. Ela é obrigatória. É necessário ter uma nova narrativa sobre o assunto”, enfatizou.
Por sua vez, o chefe da Seção de Energia, Infraestrutura e Serviços da Divisão de Financiamento e Desenvolvimento do Setor Privado, Robert Lisinge, disse que o financiamento da infraestrutura continua sendo um grande desafio enfrentado por muitos países do continente.
Lisinge disse que, para fechar a lacuna de infraestrutura, as parcerias público-privadas são essenciais para o desenvolvimento.
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