Apresentada pelos ecologistas, a moção de rejeição do texto recebeu o apoio de 270 deputados dos 535 que votaram no Palácio dos Bourbons, mais dois do que necessários para travar as discussões promovidas pelo Governo.
Para que a iniciativa interrompesse o início dos debates na Câmara dos Deputados, havia a tempestade perfeita que o Executivo esperava evitar: o voto conjunto da esquerda (ecologistas, rebeldes, comunistas e socialistas), da extrema-direita (Reunião Nacional) e dos conservadores (Republicanos).
O fracasso do partido no poder responde às consequências da perda da maioria absoluta na Assembleia no ano passado, o que explica por que a primeira-ministra Élisabeth Borne já recorreu em vinte ocasiões ao artigo 49.º, n.º 3, da Constituição, que permite a aprovação de projetos de lei sem votação parlamentar.
A esquerda e a direita apoiaram a proposta por razões muito diferentes, a primeira porque procura uma lei equilibrada e o respeito pelos direitos humanos dos imigrantes, enquanto os conservadores e a extrema-direita aspiram a uma política linha-dura contra a imigração.
No Senado, dominado pelos republicanos, o conteúdo da lei foi endurecido, eliminando a assistência médica do Estado aos indocumentados, deixando-a em auxílio emergencial, e tornando excepcional a intenção do Executivo de regularizar a situação dos trabalhadores indocumentados que trabalham em profissões em que há falta de mão de obra em solo francês.
Neste mês, ao analisar o documento na comissão da Assembleia, no prelúdio das discussões no hemiciclo, os deputados reverteram várias das mudanças introduzidas pelos senadores de direita.
A questão agora é o que o governo fará, com um novo uso do polêmico 49,3 em primeiro plano, apesar das críticas que implica e das acusações de comportamento antidemocrático.
De acordo com a BFM TV, três cenários estão traçados, que o partido governista retire seu projeto, descrito como improvável, que convoque uma comissão mista de senadores e deputados para buscar um texto de consenso e que devolva a iniciativa ao Senado, este último talvez preferido pela direita e pela extrema direita.
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