Cidade do México, 27 dez (Prensa Latina) Uma delegação de alto nível do governo dos Estados Unidos se reunirá hoje com o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, para discutir a questão da imigração.
A comissão é integrada pelo Secretário de Estado, Antony Blinken, pelo Secretário de Segurança Nacional, Alejandro Mayorkas, e pela Conselheira de Segurança da Casa Branca, Liz Sherwood-Randall, enquanto do lado do México estará também a Secretária de Relações Exteriores, Alicia Bárcena, e da Seguridade Cidadã, Rosa Icela Rodríguez.
O encontro foi acertado na última conversa telefônica entre López Obrador e Joe Biden em consequência de um agravamento na chegada de migrantes a este país, passo quase obrigatório para chegar aos Estados Unidos por via terrestre, algo que não acontece, por exemplo, com o Canadá.
A delegação busca negociar com o governo as novas medidas de migração que Biden está negociando com os republicanos para tentar impedir as travessias na fronteira com o México, em troca da aprovação de mais desembolsos e envios de armas ao governo ucraniano.
Esta reunião coincide com uma megamarcha de mais de sete mil migrantes de numerosos países da região que pedem que o México expanda e não reduza as possibilidades de cumprir os seus objetivos e lhes conceda licenças para chegar à fronteira norte para obter os seus vistos norte-americanos.
No entanto, os porta-vozes da caravana não têm muitas esperanças de que qualquer resolução que lhes seja favorável surja de uma reunião com objetivos pré-determinados, aparentemente contrários aos seus interesses.
É a terceira visita de Blinken ao México este ano e em todas elas ele abordou a questão da migração, mas a partir da visão da Casa Branca sobre o espinhoso tema.
Ou seja, aborda de forma bastante ambígua a situação do México, que se baseia na concessão de um maior número de vistos e em investimentos importantes nos países emissores para criar empregos e travar o êxodo.
Supõe-se que Blinken insistirá no cumprimento da Declaração de Los Angeles assinada por vinte países latino-americanos comprometidos em fornecer meios legais de permanência aos migrantes, para que nem todos se dirijam ao país do norte.
Algo muito difícil de conseguir devido à crise econômica e ao elevado desemprego em quase todos eles, exceto no México e nos Estados Unidos, claro.
Segundo o ponto de vista mexicano, para que este compromisso seja cumprido é necessário um plano de financiamento em grande escala nos países emissores.
Mas em conjunto com uma expansão dos vistos de trabalho temporários e a possibilidade de os tornarem permanentes, e a suspensão de sanções econômicas, bloqueios comerciais e outros que, em vez de travarem o êxodo, aumentam-no.
Certamente López Obrador oferecerá garantias à outra parte para impedir medidas como as aplicadas pelo governo do estado do Texas e o fechamento de postos de fronteira e portos, tomando a questão da migração como um argumento não válido, e sem sequer fornecer sugestões para ajudar a resolver isto.
O retorno de migrantes realizado pelos Estados Unidos também deverá ser abordado na reunião, o que afeta muito o México, já que está quase no nível de quando o Título 42 foi aplicado devido à Covid-19.
Em novembro, a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos deteve 242 mil migrantes nas margens do Rio Grande.
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