Havana, 30 dez (Prensa Latina) “Quem canta reza duas vezes”, frase que remonta à época do filósofo Santo Agostinho (354-430) é hoje a principal apresentação de Anima Mundi, o mais recente projeto musical de Mônica, Marziota.
Canções sacras para voz solo em línguas antigas, mortas ou ameaçadas de extinção são alguns dos elementos incluídos nesta proposta artística, a que recentemente teve acesso o público presente no Festival Havana Clássica, na Fábrica de Arte Cubano da capital.
Através da voz inconfundível da soprano e intérprete Marziota, que também exibe com orgulho as suas raízes cubanas, o público pôde ouvir algumas canções escolhidas na antiga tradição musical e outras obras de estreia mundial, escritas especificamente para a artista e para este projeto. Para isso, viajaram a Havana os compositores Diego Sánchez Haase (Paraguai), primeiro compositor latino-americano a participar do Festival; e Girolamo Deraco (Itália), que já colaborou com Marziota em diversas ocasiões e desde o início da proposta artística foi o responsável pela direção cênica do espetáculo.
A eles se juntou o cubano Daniel Toledo Guillén, compositor residente no Festival Habana Clássica.
É um luxo ter contado com a presença dos compositores, cujas obras foram estreias mundiais em Cuba, disse Marziota, que também interpretou pela primeira vez uma canção de sua autoria dedicada à Virgem da Luz.
Em declarações à Prensa Latina, o pesquisador cubano-italiano afirmou também que Anima Mundi (Alma do Mundo) nasceu como uma oração, um canto do povo e da terra que entoa a criação, a humanidade e o amor como aspiração divina e expressão do comportamento dos nosso ser, porque como expressou o bispo e teólogo de Hipona: “cantar é próprio de quem ama”.
Por isso, o repertório inclui uma seleção de canções em que ressoam línguas antigas, o antigo grecaÌünico-CalabreÌüs, o guaraniÌü, o inglês antigo, o judaico-espanhol, o latim, o naÌühuatl, o logudorese da Sardenha e o iorubá, especificou.
Mas a versatilidade desta jovem musicista também é atestada por “Cartas de Calvino”, documentário da cineasta e jornalista cubana Esther Barroso, no qual protagoniza a vida do famoso escritor italiano Italo Calvino (1923-1985).
Como narradora, Marziota não só conduz o espectador pela pegada cubana dos Calvinos na chamada Cidade Eterna, em San Remo e, sobretudo, em Havana, mas também fornece a música original. Formada pelo Conservatório Cubano Amadeo Roldán, com graduação de nível superior na especialidade de Canto Lírico pelo Conservatório Santa Cecília de Roma e mestrado em Canto e Teatro Contemporâneo pelo Conservatório Giuseppe Verdi de Ravenna, a cantora e compositora possui o Lunezia Tem a seu crédito o prêmio Internacional Mundo Latino (2017), sendo o primeiro integrante do catálogo do Instituto Cubano de Música a receber este reconhecimento.
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