Sob gritos de intervenção militar e rejeição à tomada de poder de Lula, seguidores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022) invadiram e saquearam em 8 de janeiro de 2023 os prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Planalto Palácio, sede do Poder Executivo.
No aniversário dos episódios, o fundador do Partido dos Trabalhadores confirmou que convidou governadores, parlamentares e empresários para o encontro que visa “lembrar ao povo” que a democracia impediu uma tentativa de golpe.
Ele ressaltou que o evento, que será realizado na Sala Negra do Congresso Nacional, servirá para corroborar os inseguros de que o “regime democrático” é a única coisa certa.
Recentemente, Lula, sem citar nome, culpou Bolsonaro pelos atos antidemocráticos, “quem foi o responsável direto, que planejou tudo isso e que, covardemente, se escondeu e saiu antecipadamente do Brasil”.
Ele certificou que o ex-militar “não aceitou a nossa vitória. Sabe-se que ele tentou desmoralizar, o tempo todo, a Justiça Eleitoral. Sabe-se que tentou desmoralizar todas as instituições possíveis”, disse. Tal invasão provocou uma resposta do STF que ordenou a prisão imediata de pelo menos 2.170 supostos participantes do assalto em Brasília.
O Ministério Público apresentou um total de 1.390 denúncias e, até o momento, pouco mais de 30 pessoas foram condenadas a penas de até 17 anos de prisão.
Bolsonaro, que teve seus direitos políticos suspensos por oito anos (2030) por abuso de poder e uso indevido da mídia para deslegitimar o sistema eleitoral, está sendo investigado por sua suposta incitação aos ataques.
Num ambiente tenso, o Parlamento criou em 25 de Maio a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre acontecimentos antidemocráticos.
Publicado pela senadora Eliziane Gama, o relatório final da CPMI de 17 de outubro classificou as ações como obra do Bolsonarismo (apoiadores de Bolsonaro) e acusou 61 pessoas de invasão de patrimônio público, incluindo o político de extrema direita.
Em relação a Bolsonaro, Gama propõe que seja acusado de quatro crimes: associação criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado de Direito, tentativa de derrubar um governo legitimamente eleito e utilização de medidas para impedir o livre exercício de direitos políticos.
Com o documento no Ministério Público, a trama do dia 8 de janeiro passa a ser investigada pela via criminosa e é preciso definir se será seguida a sequência das investigações da polêmica comissão legislativa.
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