O portal Brasil de Fato garante que o termo repercutiu e foi amplamente pesquisado na internet após ser utilizado pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, na rede social X (antigo Twitter) sobre a tempestade.
Rita Maria da Silva Passos, integrante da Rede Brasileira de Justiça Ambiental e pesquisadora do Instituto de Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio, resume o sentido da expressão usada por Franco: um conjunto de injustiças que atingem os mais vulneráveis.
“O conceito de racismo ambiental fala justamente sobre práticas e políticas que afetam direta ou indiretamente as pessoas de pele escura (negros, mestiços, indígenas) em relação à sua qualidade de vida ambiental”, explicou Da Silva Passos.
Pediu a proteção da vida das pessoas que estão em áreas mais vulneráveis, mais suscetíveis a inundações e deslizamentos de terra.
Por isso, reiterou que deve ser dada mais atenção às políticas que beneficiam estas populações historicamente excluídas. Ou seja, “há um histórico de políticas prejudiciais à qualidade de vida das pessoas não brancas. E não estamos falando apenas de políticas públicas, mas também de políticas empresariais”, afirmou. Devido ao grande volume de chuvas no Rio, previsto pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), rios transbordaram e vários bairros foram alagados.
Segundo o Inmet, o índice de chuvas acumuladas na Vila Militar, zona oeste da cidade, no dia 14 de janeiro foi de quase 152 milímetros. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil informaram que duas pessoas ainda estão desaparecidas.
Localizado no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, o Rio Botas estava entupido de lixo. Uma mulher desapareceu no local.
O governador Claudio Castro ainda incentivou a participação da população no combate às enchentes.
No entanto, Da Silva Passos argumentou que a responsabilidade não é apenas dos moradores, que dependem de ações governamentais, como boas políticas de coleta de resíduos e saneamento.
Reafirmou que não deve culpar a pessoa por uma prática ou ação de uma instância governamental.
Observou que atualmente se tenta individualizar e responsabilizar o indivíduo, “mas na verdade, o que as pessoas precisam responsabilizar é a política ou a ausência de política”.
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