Sancti Spíritus, 21 jan (Prensa Latina) Única de seu tipo em Cuba, a longa ponte sobre o rio Yayabo conserva até hoje o simbolismo, funciona como viaduto e encanto nesta cidade patrimonial próxima ao seu aniversário 510 de fundação.
Esta joia da arquitetura, uma das três catalogadas assim em Sancti Spíritus, logrou vencer os embates do implacável passo do tempo, envolta pela magia de mitos e lendas, assim como pelo talento de seus construtores para conseguir uma obra perdurável.
Sua proximidade à Igreja Paroquial Maior e ao Teatro Principal -as outras dos joias- a dotam de feitiço e misticismo. Alguém que viajar em um meio de transporte é impossível deixar de admirar sua beleza, sobretudo quando o rio está em seus melhores tempos.
Textos consultados mostram que desde 1660 os espirituanos desejavam a construção de um viaduto, ainda que entre uma coisa e outra, incluindo a arrecadação de fundos, é em 1817 que se coloca a primeira pedra desta obra monumental.
São seus cinco arcos e seu estilo romântico o mais chamativo, e quem visitou outros lugares do mundo afirmou ter encontrado algo parecido, mas nenhum exatamente igual ou tão sólido, talvez com o da tradição oral que acha que é uma mistura incomum.
María Antonieta Jiménez, Historiadora da Cidade, em um de seus textos sinalizou que a tradição oral atribui a qualidade do morteiro tradicional a ser misturado com leite de burra e aponta que consta em documentos que foram empedrados e pintados de branco e verde.
Para erguê-lo foi vital o transporte do povo, enquanto à frente da obra estiveram os mestres de obras Domingo Valverde e Blas Cabrera, ambos andaluzes, que usaram tijolo, cal e areia, e contaram com os fortes braços de presos e alguns escravos.
Também teve o apoio de personalidades como o bispo Juan José Díaz de Espada e Fernández de Landa, que visitou pela segunda vez a villa em 1819, segundo consta em materiais consultados.
Ao fim foi concluído em 1831 e ainda segue encaixando como uma peça perfeita em um dos mais belos paisagismos que oferecem à vista desta cidade, a quarta das sete primeiras vilas fundadas em Cuba pelos espanhóis.
Cada 4 de junho a outrora vila do Espírito Santo celebra seu aniversário, este ano com a conotação de chegar ao aniversário 510, cifra respeitável para uma cidade, em tanto sua ponte é um símbolo sociocultural que ostenta, além disso, a condição de Monumento Nacional.
Güijes (duendes do folclore cubano) rondam as margens do rio -o qual uma vez ou outra mostra as pedras de seu fundo e outras vezes a cobre com suas águas-, e integra o patrimônio imaterial e se enlaçam essa alegria da arquitetura colonial com o que é identificado nos mais preâmbulos la cidade de Sancti Spíritus.
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